domingo, 16 de abril de 2023

Por que não existem mais tantas ferrovias no Brasil?

 Essa é uma pergunta que muitos brasileiros fazem ao olhar para a incrível malha rodoviária do país.Há mais de um século o Brasil foi um dos locais do mundo onde mais se investia em ferrovias que integravam diferentes regiões.No início essas ferrovias eram somente para escoar as produções de café e açúcar que vinham do interior,sobretudo de São Paulo e do Rio de Janeiro, e precisavam chegar aos portos.

Depois vieram os minérios e o transporte de passageiros.Durante muito tempo servimos às ferrovias no entanto elas caíram tanto em volume e fluxo que perderam seu status do passado.Como vamos entender isso?Vamos verificar então alguns fatores que levaram a queda das ferrovias no Brasil para entendermos como ela está hoje.



Primeiro vamos analisar a história da ferrovia no Brasil em poucas palavras para entender sua formação pois os meios de transporte no século XIX eram precários e muito escassos.Levava muitos dias em viagens difíceis e insalubres pelas poucas estradas que existiam naquela época.Transportar os carregamentos de açúcar e principalmente café em mulas por estradas pessimamente pavimentadas era uma missão bem arriscada.

No início da década de 50 do século XIX o Barão de Mauá-o maior empresário da época - contrói a primeira ferrovia do Brasil trazendo café do vale do Paraíba até o porto de Magé ambos no Rio de Janeiro.

Começava então a história das ferrovias brasileiras que chegariam a contar com 38 mil km em seu auge cem anos depois.

O Milagre do café

O Brasil viveu um boom  econômico do café que o transformou numa potência agrícola do produto exportando para todas as partes do mundo.Com o declínio da produção de açúcar na economia brasileira sendo substituída aos poucos por ele a partir de meados do século XIX.O Oeste Paulista em São Paulo e o Vale do Paraíba no Rio de Janeiro dominavam o plantio,colheita e venda do café.O transporte ainda era feito por terra que dificultava o deslocamento até a implantação das primeiras estradas de ferro que acabaram com esse problema.

A malha ferroviária paulista foi mais que duplicada até o início do século XX para atender aos barões do café que precisam escoar suas produções até o litoral.As ferrovias embora tivessem uma finalidade prática em transportar mercadorias como o café também faziam transporte de passageiros mas a grosso modo sempre em menor quantidade dada a preferência pelas valiosas cargas.



Quando chegamos em 1929 a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebra levando o mundo à falência já que praticamente todos dependiam do dinheiro americano que perdia seu valor na bolsa recém falida.Os barões do café brasileiros também sofreram com essa queda e mesmo com todos os empréstimos e subsídios feitos pelo governo republicano não foram suficientes para valorizar o café novamente no mercado internacional.É sabido que o governo comprava uma parte da safra de café que não era vendida para queimá-la e assim tentar manter o preço e proteger esses produtores mas tudo em vão.

Com a crescente queda nos preços do café a produção também começa a baixar e parte do potencial de transportes das ferrovias brasileiras também começa a ser desperdiçado.Na década de 1950 durante a Era JK aconteceria a crise mais drástica nas ferrovias do país.

Os Anos JK

Juscelino Kubistchek foi presidente do Brasil na década de 1950 e tinha uma ambiciosa meta de fazer o país crescer em 5 anos o que não havíamos conseguido em 50 anos.JK como ficou conhecido,pela abreviação de seu nome,contraía muitos empréstimos no exterior para financiar suas importantes obras de infra-estrutura por todo o país.Foi ele que trouxe o boom das indústrias automobilísticas ao Brasil com marcas como a Volkswagen por exemplo.

A adesão ao mercado de carros estrangeiros que instalavam suas montadoras aqui mesmo no Brasil recebeu grande entusiasmo do presidente pois via que assim os brasileiros teriam um item de luxo que colocava-nos como nações civilizadas.As fábricas de carros traziam também grandes investimentos ao Brasil que eram incentivados pelo governo com muitas vantagens para as multinacionais que se instalassem aqui.

Conheça em detalhes as maiores curiosidades sobre a construção de Brasília clicando aqui num artigo já publicado no blog.

Para então absorver essa grande oferta de veículos novos inundando as estradas nacionais nada melhor que ampliar as parcas e precárias estradas brasileiras.Pensando nisso e aliando-se ao plano de 'interiorização' do Brasil com a construção de Brasília,JK empreende um grande projeto de construção de estradas e uma malha rodoviária por todo o país.Os empréstimos e incentivos fiscais do governo facilitavam a compra dos veículos fazendo com que a indústria não estagnasse.Empresas privadas também se envolveram na construção dessas estradas beneficiando ainda mais os empresários estrangeiros e nacionais.

Juscelino Kubistchek


Com o avanço da indústria de automóveis e da construção de estradas o transporte rodoviário também se beneficiou ampliando ainda mais a adesão deste e reduzindo cada vez mais a demanda pelo transporte ferroviário cujos ramais de transporte de cargas e passageiros começam a cair drasticamente a partir dessa época.A ferrovias que antes escoavam produções de café e minérios assim como passageiros em várias partes do Brasil caíam em desuso com o crescente transporte rodoviário.

Transporte Ferroviário Hoje

Dos 38 mil km de estradas de ferro brasileiras construídas em auge máximo pouco sobrou.O desuso ocasionado pela preferência do transporte rodiviário fez com que as poucas que sobraram servissem para transporte esporádico de minérios principalmente restando somente um raro ramal de passageiros num trem com fins turísticos da Compainha Vale ligando um trecho em Minas Gerais até a cidade de Vila Velha no Espírito Santo.

Nas grandes cidades as ferrovias ainda existem para transporte de passageiros diariamente contribuindo mutuamente com as linhas abundantes de ônibus.


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