quarta-feira, 17 de outubro de 2018

A verdadeira história dos leões de Tsavo-Os Devoradores de Pessoas

Por Sandro Costa


Os Lendários Leões de Tsavo


Em 1898,em plena savana africana uma estrada de ferro estava sendo construída pelo Império Britânico,a intenção era escoar o cruel comércio de marfim, que eram cobiçados por caçadores e traficantes,entre outros gêneros que vinha de Uganda para o Quênia(sobre o rio Tsavo daí o nome deles) países na região sul da África.
Na época os ingleses controlavam a região e portanto a tarefa de construir essa ferrovia ficou por conta deles comandados por um tenente coronel do exército chamado John Patterson que ficou como chefe da obra e que posteriormente escreveria um livro relatando todos os acontecimentos envolvendo a construção da ferrovia e o incrível ataque dos felinos que os imortalizaria.

Na época as condições de trabalho eram de semi escravidão com péssimas condições de trabalho para os africanos envolvidos na obra.Contudo e o que ninguém esperava era a chegada de 2 leões extremamente ferozes e famintos que espalhariam o terror entre os trabalhadores e ingleses e que entraria para a história como um dos maiores e mais surpreendentes ataques de animais contra seres humanos já registrados.

Os leões empalhados no museu de Chicago

O início dos ataques e pânico

É em março de 1898 que os primeiros ataques mortais começam,primeiro ele é entendido como um ato isolado de um leão que vive em seu habitat natural e portanto disputa o mesmo espaço da ferrovia(afinal de contas a savana é um espaço selvagem invadido pelas pessoas).No entanto nos meses seguintes quando os ataques ficam cada vez piores é quando a real gravidade da situação começa a preocupar e chamar a atenção.

Os ataques se sucediam sem trégua,há registro de um massacre perpetrado por ambas as feras contra uma enfermaria dentro do acampamento liquidando dezenas de pacientes.Os ingleses se empenharam em matar os animais acabando com a ameaça e várias armadilhas convencionais foram usadas mas nenhuma surtiu efeito sendo estranhamente burladas pelos leões que até mesmo sintonizavam os ataques entre si atraindo vítimas.

A essa altura,a fama dos 2 leões assustavam a todos na obra e as mortes só aumentavam no decorrer dos dias,mesmo com as fogueiras ardendo alto durante toda a noite e as cercas ao redor do acampamento dos trabalhadores não impediam em nada que ambos animais levassem mais de um homem por noite,devorando-os fosse no mesmo local ou até mesmo carregando-os até sua toca,numa caverna distante da obra.A cada novo ataque as feras adquiriam mais confiança para a próxima investida agindo com uma estranha parceria e entrosamento que espantou biólogos e historiadores que estudaram seu caso ao longo do século XX.

Toca dos leões em fotografia de 1898


O filme baseado nos ataques das 2 feras
A fúria da natureza

Consta que durante março até dezembro de 1898 quando enfim foram abatidos,ambos leões possam ter matado mais de 100 pessoas.Embora pareça irônico,o Império Britânico contrariado com a paralisação das obras por conta das feras contrata caçadores profissionais que também se transformam em vítimas mortais desses animais.

Várias armadilhas foram feitas para capturá-los todas sendo inúteis interrompendo a construção da ferrovia por 2 semanas quando os trabalhadores abandonaram-na com medo de se tornar as próximas vítimas.
Foi o tenente coronel John Patterson que conseguiu abater os animais,com diferentes estratégias, numa armadilha em que quase lhe custou a vida.

Uma explicação

O assunto intriga a começar pelo comportamento em dupla,incomum entre leões que atacam em grupos maiores,somado ao fato de ambas as feras serem machos agindo coordenadamente e que estranhamente não apresentavam jubas.Uma teoria que explica a preferência dos animais pelos seres humanos como presa foi justamente o fato da falta de presas maiores que estavam ou já haviam sido dizimadas pela caça e destruição ambiental em vigor na época com o avanço e consolidação do neocolonialismo europeu no continente africano que privou os leões de presas como elefantes,girafas ou zebras arrasando com a savana.

O gosto pela carne humana pode ter vindo de corpos de escravos e pessoas não sepultadas que serviam de carniça para os animais.Estudos até mesmo comprovariam que havia uma moléstia nos dentes desses felinos que os impediriam de comer presas maiores optando assim pelas pessoas.Outro estudo,de uma universidade americana, afirma até mesmo que o número de vítimas efetivamente comidas por eles teria sido menor,fixando em 35 vítimas, enquanto o número de mortos corresponderia ao divulgado oficialmente como sendo maior que 130,o que já tornaria o caso mais do que surpreendente e raro.

Assim e não por menos eles se tornaram uma lenda assustadora porém real que ficaram conhecidos como a Sombra e a Escuridão entre os nativos africanos.Um filme de mesmo nome com Michael Douglas e Val Kilmer foi baseado nesses eventos.Tais feras seguem sendo um mistério apesar das muitas teorias que tentam explicá-los e um alerta da natureza.

Abaixo as fotos de 1898 apresentando ambas as feras enfim abatidas.

John Patterson,o chefe da obra, com um dos leões mortos



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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

É verdade que o Uruguai foi uma colônia do Brasil?

Sim o Uruguai foi uma colônia brasileira,no entanto foi por pouco tempo e de pequena expressão politica e econômica para o Brasil.

O Uruguai à época conhecido ainda como Banda Oriental havia sido reivindicado pela Argentina com a  independência desta em 1816 tornando-se uma espécie de protetorado com muitos argentinos vivendo no território.
Nesse contexto muitos uruguaios estavam descontentes com a situação do país sob domínio estrangeiro,manifestando assim os primeiros sinais de nacionalismo e aspiração por independência na figura de um importante militar chamado José Gevasio Artigas,um caudilho responsável inclusive por tentativas e incursões militares dentro do território brasileiro a partir do Rio Grande do Sul.

Muitas batalhas foram travadas entre brasileiros e uruguaios e seus aliados argentinos ansiosos para anexá-los.Junte a essa situação a onda expansionista da família dos Bragança que visava incorporar o Uruguai à coroa portuguesa,primeiro com Dom João VI e depois com seu filho e sucessor Dom Pedro I.

Tropas portuguesas sendo enviadas para o Uruguai na segunda invasão do país

Contudo não foi a partir essa época que Portugal 'cresceu os olhos' sobre o vizinho Uruguai,ainda não conhecido sob esse nome.Em 1680 D.Manuel Lobo governador da capitania do Rio de Janeiro manda fundar a Colônia do Santíssimo Sacramento que daria origem ao povoamento do país.Assim o reino de Portugal foi de fato o pioneiro em sua colonização embora a Espanha tenha assegurado sua ocupação estabelecendo sua língua e cultura após um tratado diplomático.

Início do expansionismo lusitano

Segundo o historiador José Daniel de Almeida com a destituição do rei espanhol por tropas napoleônicas,o trono do país é deixado vago e declarado como protegido pela então coroa portuguesa exilada no Brasil que oportunamente se aproveita desse novo cenário político.
O alto comando colonial espanhol nas Américas conhecido como cabildo se recusa a aceitar a proteção e a presença de tropas portuguesas no território cisplatino já estabelecidas em 1811 na região assumindo o compromisso de continuar administrando sozinha suas colônias.Essa primeira ocupação militar é conhecida como a primeira invasão portuguesa.
Embora contrariado,Portugal aceita retirar suas tropas do país.Nesse primeiro embate entre as coroas ibéricas,uma solução diplomática e pacífica é celebrada.     

No entanto José Gevasio Artigas inicia uma nova fase de conflitos o que induz D.João VI a uma nova incursão militar em território uruguaio com a mobilização de tropas que por fim chegam a capital Montevidéu e estabelecem-no como uma província portuguesa,a Província Cisplatina o que na prática significava uma colônia.

Outro motivo que os historiadores geralmente consideram creditado como incentivo dessa segunda invasão portuguesa do território cisplatino é que a então rainha Carlota Joaquina ,esposa de D.João VI e espanhola de nascimento,se considerava legítima herdeira do trono espanhol se declarando Rainha do Prata,cujo nome prata,vêm do rio que banha e dá nome a região compreendida entre Uruguai e Argentina.

Mesmo nesse contexto,os portugueses mantinham interesses em nossos vizinhos do Sul o que incentivou o seu ideal expansionista.

A guerra de independência com o Brasil

Com a derrota uruguaia do general Artigas,o reino unido de Portugal,Brasil e Algarves consolida-se como potência colonizadora sobre o país transformando-o na Província Cisplatina,inclusive tendo representantes uruguaios assistindo a assembléia constituinte de D.Pedro I.

Embora sob domínio político luso-brasileiro,os uruguaios junto dos argentinos mantêm aceso o ideal de um país livre que o antigo revolucionário general Artigas havia despertado.Assim conflagra-se a Guerra da Cisplatina,uma nova rebelião organizada com o intuito de expulsar as forças portuguesas e o domínio do império do Brasil sobre o país.

Entre 1825 e 1828 uma guerra custosa para os cofres públicos não é capaz de conter o avanço do general uruguaio Antonio Lavalleja que com a ajuda inglesa consegue a independência batizando o novo país como República Oriental do Uruguai.

Consequências da guerra
A colonização e manutenção da posse do território uruguaio que daria origem a guerra e a independência do país em 1828 sempre foi mal vista aos olhos da opinião pública brasileira.
Considere o fato que D.Pedro I era encarado como um imperador autoritário no qual até mesmo pairava suspeitas de que restabelecesse o Brasil com colônia,já que era português e concentrava cada vez mais poderes em suas mãos como ficou claro na constituição de 1824.

Retrato de D.Pedro I cujo desgaste político com a guerra da Cisplatina foi um dos motivos de sua abdicação em 1831

A guerra por si só consumia muitos recursos do então nascente império brasileiro fazendo-se aumentar os impostos e a insatisfação do país.
Some-se que o Uruguai também tinha uma cultura mais alinhada com a Espanha do que com Portugal sobretudo na questão da língua e dos costumes não contando com a simpatia e o nacionalismo brasileiro como D.João VI ou Pedro I chegaram a acreditar.

Os gastos se multiplicavam com a manutenção das tropas e da marinha desgastando ainda mais a imagem do jovem imperador que com as sucessivas derrotas no campo de batalha e a perda definitiva da guerra para os patriotas uruguaios ajudados pelos argentinos contribuíram para sua abdicação em 1831 em favor do trono português fazendo-o retornar à sua terra natal.Enquanto isso em 1828,nascia a República Oriental do Uruguai,país recém libertado do império do Brasil.

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