domingo, 2 de dezembro de 2018

O Lado Obscuro da Grande Depressão Econômica de 1929-A Maior Crise do Capitalismo Moderno

No ano de 1929,o mundo presenciaria a maior crise que o capitalismo vivenciou desde sua implantação como modo de produção na era moderna,a chamada Grande Depressão resultado da quebra da bolsa de valores de Nova Iorque nos EUA.Esta crise financeira,a maior na escala,seria responsável pela falência de milhares de bancos,empresas e latifundiários.Milhões de pessoas seriam demitidas de seus postos de trabalho enquanto as que permanecessem teriam seus salários reduzidos.Essa foi e continua sendo a maior crise que o sistema financeiro mundial atravessou,altamente dependente do capital americano.



Florence Thompson,mãe de sete filhos numa famosa fotografia que se tornou símbolo da depressão

Antecedentes da Depressão

Os anos 1920,foram prósperos para a nação americana que havia sido uma das vencedoras da 1ª Guerra Mundial e portanto uma das maiores fornecedoras de produtos e créditos para o mundo e a Europa arrasada pelo conflito que durou longos 4 anos,a exemplo do que aconteceria na 2ª Guerra.

O clima de otimismo dominou os empresários americanos que viam seus investimentos na bolsa de valores multiplicarem enquanto seus negócios evoluíam no mesmo ritmo.Os investimentos se ampliavam para todas as áreas da economia fazendeiros pediam grandes empréstimos aos bancos para comprar máquinas e assim melhorar a produção no campo,nas cidades a compra de imóveis crescia assim como a produção desenfreada de mercadorias que enchiam o mercado consumidor.

É digno de nota que a fase compreendida entre o início do século XX e a depressão foi a que teve uma das maiores influências teóricas no campo do trabalho e da produção fabril desde a introdução do marxismo e dos estudos de Max Weber nas cátedras universitárias.Propostas teóricas como o taylorismo e o fordismo foram especiais no sentido de incentivarem o aumento na produção e os ganhos dos empresários com a montagem de série e em larga escala de automóveis,desenvolvido por Henry Ford, que depois envolveria todas as mercadorias comercializadas assim como a fiscalização rigorosa do trabalho individual dos operários nas fábricas otimizando o tempo ao máximo em busca do lucro como foi defendido pela teoria taylorista de Frederick Taylor.

Carros produzidos em série que deu fama a Henry Ford e símbolo de prosperidade dos EUA pré-Depressão

Assim os EUA,já sedimentados como a maior potência industrial do globo em 1929 que havia ultrapassado sua concorrente e ex-metrópole Reino Unido em finais do século XIX,reuniu o contexto teórico que incentivava a produção com o consequente clima de otimismo dos lucros gerados mas com resultados que seriam lamentados logo depois.Alguns historiadores como o brasileiro José Jobson Arruda argumentam que a superprodução de mercadorias pode ter sido a principal causa da Depressão,já que com tantos produtos no mercado nem todas as pessoas poderiam e teriam dinheiro para comprá-los ocasionando assim prejuízo para os fabricantes e queda no valor das ações das empresas uma causa admitida entre a maioria dos historiadores econômicos.

Para todos os efeitos a crise havia se instalado como já estava acontecendo antes do fatídico 29 de outubro de 1929,conhecida como a sexta-feira negra na qual a Depressão se confirmaria definitivamente e levaria anos para ser superada gerando graves problemas em escala nacional e mundial.

A pobreza e ascensão de governos totalitários
Com a quebra da bolsa o dinheiro investido em países estrangeiros precisou ser repatriado pelos EUA,na prática isso significou que todos os créditos e empréstimos realizados deveriam voltar.Como é de se esperar essa medida causou consequências drásticas na economia européia e mundial.Sem o dinheiro americano muitos bancos europeus também faliram junto às empresas num efeito cascata,logo a inflação alcançou picos históricos e inacreditáveis.

Mulher com seus filhos numa favela durante a depressão

Consta que somente na Alemanha as pessoas precisavam ir aos mercados com carrinhos de mão cheios de dinheiro para comprar somente um pão ou um maço de cigarros.Nos bares não era diferente,se comprava o máximo de cervejas possível em uma única rodada pois os preços mudavam de um minuto para outro encarecendo-a.O marco,a moeda corrente alemã na época não valia sequer o próprio papel onde era impressa.Situações como esta foram usadas como uma das justificativas do revanchismo alemão pregado por Adolf Hitler na sua
conquista do poder.

No Brasil a crise afetou a produção de café,principal produto de exportação da época.Com os EUA mantendo uma política de repatriação de divisas e não comprando mais do Brasil,muitos cafeicultores foram à falência,obrigando o então governo federal a protegê-los comprando os excedentes.

Neste contexto demagogos com discursos nacionalistas como Adolf Hitler na Alemanha ou o general Francisco Franco na Espanha conquistam a adesão popular chegando ao poder de seus respectivos países com suas posturas que privilegiavam a economia nacional,o incentivo a industrialização e militarização da sociedade.

Outras consequências da Depressão
Os EUA,o maior afetado pela crise sofreu com a alta do desemprego,preços altos,criminalidade e as declarações de falência.Até aquele período da história este país jamais havia experimentado uma situação de vacas magras como esta.O então presidente Herbert Hoover,foi responsabilizado pela crise enquanto favelas eram erguidas ao longo do país num fenômeno sócio-econômico devastador.

Confronto entre policias e moradores numa favela americana durante a Depressão

Na esteira desta crise,alguns eventos como o avanço da criminalidade foram tomando as manchetes dos jornais levando criminosos como assaltantes de banco à fama repentina.Os bancos que tomavam as casas e fazendas de pessoas endividadas pela crise também eram responsabilizados pela população,que assim via os assaltantes de banco como o famigerado John Dillinger como uma espécie de herói às avessas pois enquanto roubava os estabelecimentos rasgava as hipotecas que comprovavam as dívidas geradas pelas pessoas.

Estes fatos faziam com que a simpatia pública crescesse em relação a estes homens fora-da-lei.No auge da fama Dillinger foi considerado inimigo público número 1 dos EUA com uma farta recompensa de 20 mil dólares sendo concedida àquele com informações que o prendessem,uma fortuna num país com a própria moeda desvalorizada.Esta época foi considerada a era de ouro dos assaltos à banco.
Cartaz de procurado de John Dillinger com 20 mil dólares de recompensa,uma fortuna na época da Depressão

O crime também fez o descendente de italianos Al Capone outro ícone marginal da época já que concentrava uma rede criminosa onde bordéis,assassinatos por encomenda,jogos,corrupção policial e tráfico de bebida alcoólica eram controlados por ele.

Contudo com as eleições se aproximando as pessoas concluíram em votar num democrata já que haviam se desiludido com o partido republicano de Herbert Hoover alegadamente o culpado pela depressão elegendo então Franklin Delano Roosevelt para presidente.Ele ficaria conhecido pelo emergencial e ambicioso plano de recuperação fiscal conhecido como New Deal,baseado nas ideias de intervenção estatal do economista inglês John Keynes.

Com a implementação do plano os EUA saíram mais fortalecidos do que quando entraram na Depressão absorvendo mão-de-obra desempregada construindo barragens,estradas,pontes e curiosamente aumentando os salários para induzir o poder de consumo dos americanos.Com o início da 2ª Guerra em 1939,os EUA se consolidariam como a potência econômica absoluta do mundo.

Franklin Delano Roosevelt


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