quarta-feira, 20 de maio de 2020

Guia Rápido:A vida dentro de uma caravela européia da época dos descobrimentos.

Aprendemos na escola que a Europa colonizou a América e levava daqui seus tesouros na forma de prata,ouro e pedras preciosas em grandes embarcações como as caravelas e galeões.Mas como era a vida dentro de um desses grandes barcos?



Usando o exemplo de um galeão espanhol do seculo XVI que em termos práticos difere pouco de uma caravela que era mais rápida e menos bem armada que ele,basicamente a vida dentro dela era muito dura e cheia de disciplina para os marinheiros comuns.Tudo era muito sujo e o cheiro de suor e maresia se misturavam no convés e nos porões.Como não havia espaço suficiente dentro delas para conforto,cada centímetro ali era disputado a tapas entre eles caso sobrasse algum pois os suprimentos e equipamentos eram prioridade de ocupação.

Superlotação

Sim,a exemplo das prisões,os galeões eram muito apertados e com espaço sempre reduzido fazendo com que os marinheiros se apinhassem em qualquer canto que encontrassem,assim a superlotação era uma realidade comum dentro deles.Os enjoos eram comuns até mesmo entre os marujos mais experientes.Se dormia em camas de palha,sacos de comida ou pedaços de trapos quando na maioria das vezes no próprio chão de tábuas do convés ou porão.Não havia conforto para os marujos comuns somente no camarote do capitão que contava com uma cama.



Infestação de ratos

Sabe-se que os ratos foram uma praga trazida da Europa para a América e cuja propagação ajudou a exterminar espécies nativas do continente.Dentro dos navios eles também se constituíam em pragas absurdas que devoravam a comida e os equipamentos roendo as cordas e velas que tinham de ser guardadas em barris para ser protegidas.Há um relato de 1622 em que num único navio os marinheiros mataram inacreditáveis 4000 ratos no trajeto Caribe-Europa.A contaminação e doenças trazidas por eles para dentro do barco era outro problema enfrentado durante as viagens.

Comida racionada

1-Como as viagens transatlânticas,da Europa-América e vice-versa, eram muito perigosas e o risco de naufrágio era sempre presente,não se sabia ao certo o quanto de comida se levaria mas o fato é que num galeão cada marinheiro tinha direito a 1,1 litro de água,700 g de biscoitos salgados e 250 g de carne por dia.Também se levava animais vivos a bordo para se ter acesso à carne e ovos frescos mas estes só eram reservados aos oficiais de patente e doentes.

A comida e a carga do navio também eram usadas como lastro,aquele peso no fundo da embarcação que ajuda a equilibrá-la dentro d'água.

2-Como as condições de armazenamento e higiene não eram boas,parte dessa carga de comida chegava estragada no destino com muitos insetos nos biscoitos salgados enquanto as carnes podiam ser penduradas no casco do navio.Há documentos que comprovam que tubarões perseguiram um navio cujas carnes pediam para fora dele.

Banheiros

Dentro de um galeão europeu não havia privacidade quando o assunto era usar o banheiro tudo era feito à vista dos outros em latrinas no convés superior.Latrinas que eram buracos arredondados no casco do navio onde as pessoas podiam se sentar enquanto os dejetos eram diretamente lançados ao mar embora em alguns casos também eram usados nos porões.As condições eram melhores no camarote do comandante.
O cheiro nos porões dos navios era insuportável devido a comida estragada,dejetos e a água do mar que penetrava no interior da embarcação.



Sorte,acaso e oração


Os marinheiros europeus eram muito religiosos e levavam isso a sério em longas viagens em alto-mar que podiam terminar muito mal.Assim havia um ditado muito popular entre os marujos espanhóis '' quem vai ao mar,,aprende a rezar''.Haviam capelães a bordo que rezavam missas e aplicavam extrema unção aos doentes e feridos.

Sobre a questão da sorte,tudo era resolvido com ela desde quem seria escalado para vigiar nos turnos da noite ao qualquer outra tarefa dentro do navio,as apostas eram comuns numa rotina estressante de trabalho alem dos jogos de cartas para entreter a tripulação.


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