terça-feira, 24 de julho de 2018

A Pena de Morte

Na verdade não existe um padrão específico e comum para executar um criminoso,seguido por todos os países que ainda a adotam,já que o método é muito variado.A pena de morte,desde a sentença em julgado é somente consumada a partir do momento em que os sinais vitais do preso estejam completamente interrompidos para assim a morte do condenado ser declarada perante a justiça.

A pena de morte,também conhecida como pena capital,por ser a condenação principal e máxima que um criminoso pode sofrer,tem uma longa história e foi aplicada por praticamente todos os povos da humanidade e em todas as épocas.Hoje a pena de morte representa um retrocesso e até crueldade para alguns,como grupos ligados aos direitos humanos,enquanto um castigo justo para todos aqueles que a defendem.



Antes de mais nada a pena de morte é um instituto jurídico,ou seja,para ser considerada assim é necessário que exista uma lei,oral ou escrita,especificando os crimes puníveis com ela.
Um dos primeiros códigos de leis criados pela humanidade é o de Hamurabi no século XVIII antes de Cristo,na antiga Babilônia que já previa a pena de morte para crimes como o assassinato por exemplo.Ele se baseava na chamada Lei de Talião que pregava 'olho por olho,dente por dente',expressão ainda hoje conhecida e utilizada para justificar punições proporcionais para crimes graves.Até mesmo no Quilombo dos Palmares,notório núcleo de resistência africana contra a escravidão no Brasil,havia a pena de morte como lei entre seus membros.Assim a pena de morte torna-se legal e até justa aos olhos do povo.

O historiador francês Michel Foucault em sua obra Vigiar e Punir relata que a pena de morte pode ser além de um mecanismo de correção para crimes e desvios de comportamento mas também funcionar como uma espécie de ferramenta psicológica que cria um sentido de ordem através da intimidação e do controle que essa pena pode produzir em criminosos em potencial.Em outras palavras,o criminoso pensaria antes de cometer o crime já que a morte seria seu destino,a intimidação promovida pela Estado político detentor da lei e da ordem.

Durante as guerras,a pena de morte sempre foi uma constante,os comandantes militares seja para mostrar poder e liderança assim como aplicar a justiça nesta situação,serviam como juízes arbitrando sobre a vida e a morte de prisioneiros de guerra,desertores,saqueadores e etc.No Japão medieval,até mesmo samurais podiam sofrer a pena de morte em batalhas se deixassem prisioneiros escaparem,mesmo involuntariamente.O grande general cartaginês Aníbal foi notório por executar desertores em seu exército.

A morte como um show
Logo a pena de morte também teria a função de criar um exemplo que servisse a todos os demais criminosos que viessem a infringir a lei.Sendo assim,até épocas recentes muitos países promoviam execuções públicas com a presença da imprensa e de um grande público incluindo crianças como expectadoras como nos EUA e China.

Atualmente a China é o país que mais executa prisioneiros ao ano,de acordo com a Anistia Internacional,em números que o governo chinês mantêm em segredo acredita-se que ele é bem maior do que aquele divulgado oficialmente,já que os crimes relativos ao contrabando de entorpecentes ou corrupção é punível com ela.Os principais métodos usados no país são o fuzilamento e a injeção letal.

No entanto a China aplica a pena capital há milênios sendo o método mais comum utilizado na época imperial,terminada no início do século XX, a execução dos mil mortes.Que consistia numa longa sessão de tortura em praça pública infligida ao prisioneiro onde dezenas de cortes eram abertos no corpo do condenado num processo que poderia durar dias.Até mesmo anestésicos e medicamentos eram usados para adiar a morte numa tentativa de prolongar o castigo pelo maior tempo possível.
Os primeiros europeus da modernidade que entraram na China no século XIX ainda fizeram registros fotográficos de execuções públicas com esse método antes dele ser oficialmente abolido.

Execução dos mil cortes chinesa


Na Índia criminosos eram executados com o uso de um elefante que os pisoteava enquanto tentavam se defender e/ou fugir sem sucesso.Na Indonésia e na Espanha se usava o garrote que apertava as vértebras na altura do pescoço até a força exercida quebrar-lhe a resistência e o condenado morrer.
Na Inglaterra sobretudo na época de ouro da pirataria entre os séculos XVII e XVIII,a pena de morte era aplicada em uma infinidade de crimes e os corpos de condenados eram colocados em gaiolas de ferro ao longo de logradouros públicos mesmo após o início da decomposição natural dos cadáveres como um exemplo para os demais.

Criminosos eram esmagados por elefantes na Índia


A Anistia Internacional critica a pena de morte por ela ser considerada desumana e um assassinato legalizado,mesmo contra um criminoso condenado e mantêm protestos em todos os países que a ainda a usam.Embora os números de executados ao redor do mundo declinem,a pena de morte se mantêm como um importante instrumento coercitivo contra criminosos.

Muitos países já foram acusados,comprovadamente,de condenar e executar inocentes com casos na Inglaterra e Japão,naquele país por exemplo a própria sentença foi abolida após a confirmação da morte de um inocente por enforcamento injustamente acusado de assassinato.
Já os defensores,concluem que a pena de morte além de ser um instrumento legal e justo para punir crimes graves também desafoga o sistema penitenciário evitando gastos a longo prazo com o prisioneiro por exemplo,o uso do exemplo da morte de um criminoso para evitar novos crimes continua vivo.

E no Brasil?
No Brasil a pena de morte foi abolida um ano após o fim da escravidão em 1889.Até essa data a sentença foi muito usada no tratamento de escravos também como um meio de intimidação para evitar fugas e rebeliões entre eles.
No entanto um fato desconhecido do grande público é que em caso de guerra declarada o Brasil ainda poderá punir com a morte alguns crimes previstos no código militar brasileiro,não valendo portanto para casos civis,tornando-a possível em situações como deserção,covardia ou assassinato.

domingo, 22 de julho de 2018

O que são os fantasmas?

Fantasma seria a aparição sobrenatural de uma pessoa ou animal que pode ter morrido recentemente ou há muito tempo.As histórias de fantasmas e suas aparições tem acompanhado a história da humanidade e se integraram fortemente ao folclore popular mundial gerando muitos filmes,desenhos animados,lendas urbanas e etc.A veracidade da existência de fantasmas jamais foi confirmada porém o pavor e a curiosidade que produzem continua.



Em termos históricos,a palavra fantasma vêm da época medieval embora as superstições sobre espíritos voltando do mundo dos mortos é antiga.Civilizações como egípcios,mesopotâmicos e persas acreditavam na sobrevivência da alma após morte,por exemplo os antigos egípcios acreditavam numa força chamada de Ka que seria equivalente ao que conhecemos hoje como a alma,consolidando a crença na vida após a morte tão recorrente na religião egípcia.

Os gregos também tinham fortes crenças no mundo espiritual principalmente em relação ao Limbo onde a alma dos mortos descansavam.Segundo a mitologia,a alma do falecido precisaria de moedas para pagar o barqueiro que lhe atravessaria para o outro lado do rio Aqueronte de encontro ao descanso da morte,caso contrário vagaria sem destino pelo mundo dos vivos.

Na antiguidade as crenças em espíritos eram relacionadas com as respectivas religiões de cada povo onde entidades sobrenaturais ou deuses seriam os responsáveis pelas ações extraordinárias no mundo dos vivos enquanto os espíritos de pessoas mortas eram reverenciados em sinal de respeito sendo agraciados com oferendas para acalmá-los e lembrá-los,caso contrário o espírito do falecido poderia causar algum tipo de mal para os vivos.

Logo a crença nos mortos voltando ao mundo dos vivos permaneceu constante ao longo da história.Na Europa medieval o misticismo adquiriu muita força sobretudo em virtude do cristianismo que apregoava a existência de demônios e espíritos maléficos como súcubos que se apoderariam de pessoas para lhes causarem comportamento sexual exagerado,o que era condenado pela igreja.
Note-se mais uma vez que o mundo sobrenatural de onde os fantasmas se originam estava fortemente entranhado nas crenças religiosas que se ajustavam à época.

Os fantasmas na modernidade e sua popularização
Porém é com as primeiras ocorrências do mesmerismo(um tipo de hipnose) e sobretudo do espiritismo a partir do início do século XIX que  tanto a palavra fantasma e/ou espírito no sentido que conhecemos hoje é enfim usado.O professor francês Hypolite Rivail conhecido pelo nome Allan Kardec teria codificado a doutrina espírita e reunido-a em um livro,o Livro dos Espíritos,nele Kardec funda as bases do espiritismo divulgando ideias que afirmavam a interferência dos mortos no mundo dos vivos.Segundo ele,espíritos de pessoas falecidas e não demônios ou deuses como nas antigas crenças,poderiam se apossar de outras pessoas fazendo-as agir contra sua vontade.

Os espíritos também poderiam mover objetos ou se materializar em forma de aparições para os vivos.Ao longo do século XIX e XX,os relatos de espíritos movendo objetos,emitindo barulhos ou aparecendo em fotos,casas abandonadas,locais escuros e etc,explodiram caindo na cultura popular.

Foto do fotógrafo espiritualista William Hoper mostrando um suposto fantasma 

O medo de fantasmas
Os fantasmas assim se popularizaram no mundo ocidental e adquiriram um importante lugar no folclore já que sua veracidade é contestada cientificamente e não aceita fora dos meios supersticiosos.Muitas lendas urbanas tem fantasmas como protagonistas geralmente associados à tragédias ou crimes famosos.O incêndio do Edifício Joelma em São Paulo em 1974,que vitimou centenas de pessoas tem seu nome associado à aparições dos fantasmas dos mortos.Muitas antigas senzalas onde escravos pereceram aos maus-tratos também possuem fama de assombradas,neste rol se incluem as casas mal-assombradas.



É bem comum a divulgação de fotos de supostas aparições de fantasmas(foto acima)tanto na era do espiritismo quando se tornaram populares quanto em tempos recentes geralmente associadas às lendas urbanas.Haviam fotógrafos especializados em fotografar espíritos sempre em situações bem planejadas como William Hoper,a médium francesa Eva Carriere ou até mesmo nas materializações de Uberaba em Minas Gerais da qual o médium Chico Xavier participou materializando,com a ajuda de outra médium,o suposto fantasma de uma freira falecida,numa reportagem muito famosa na época.

Com o grande público
A busca por fama faz com que muitas pessoas fraudem aparições e relatos de fantasmas.No Brasil,o conhecido jogo do copo ou brincadeira do compasso supostamente teria a capacidade de invocar espíritos.E os fantasmas são um tema constantemente explorado pelo cinema na produção de filmes de terror e suspense e até comédias como Os Caça-Fantasmas.



domingo, 8 de julho de 2018

Quem foi Lampião,conhecido como o Rei do Cangaço?

Conhecido em todo o Brasil como rei do cangaço,Virgulino Ferreira da Silva,o Lampião,entrou para a história por ser líder de uma quadrilha de assaltantes que assolou o Nordeste brasileiro nas décadas de 20 e 30,até sua morte numa emboscada preparada pela polícia.Hoje,entre historiadores e na cultura popular Lampião divide opiniões situando-se entre um cruel marginal e/ou como um anti-herói,produto das injustiças sociais que perturbavam a época agindo um Robin Hood roubando dos ricos e dando aos pobres vindo daí parte de sua fama.
As raízes do cangaço estão nos problemas que assolavam a região como a miséria,a seca ou os desmandos de coronéis(ricos e influentes fazendeiros) e da polícia que controlavam os recursos disponíveis ao povo sempre injustiçado.


No Brasil poucos são os que ainda não conhecem Lampião,sua fama atravessou gerações e ganhou a cultura popular como entidade folclórica,principalmente no Nordeste sendo tema de cantigas,histórias de cordel,filmes,séries e etc.Conta-se que Lampião era órfão e sua família havia sido eliminada pela polícia o que teria gerado um forte sentimento de vingança e rancor no então menino Virgulino Ferreira,nascido em Pernambuco.É ainda na juventude que se une a grupos de cangaceiros e adquire experiência no crime até assumir a liderança de seu próprio bando.

Durante os anos 1920 e 1930 passa a percorrer o interior nordestino atrás de saques cada vez maiores.Durante suas abordagens nos povoados conta com a ajuda dos coiteiros,pessoas que ajudavam os cangaceiros prestando socorro médico durante os confrontos com a polícia,abrigando e/ou doando comida e água durante suas passagens em troca de proteção ou parte do saque ou mesmo sob grave ameaça.Os historiadores concordam que os coiteiros tiveram importante papel na longevidade do fenômeno do cangaço.

No auge de sua vida criminosa Lampião chegou a contar com 100 homens em sua quadrilha,despistando a polícia usando táticas de guerrilha.

Lampião e seu bando


O fenômeno Lampião
Como citado,Lampião ainda divide opiniões quanto a natureza de suas ações.De acordo com o historiador britânico Eric Hobsbawm em sua obra Bandidos,Virgulino estaria inserido na categoria do banditismo social,vindo de uma parcela marginalizada da sociedade sem acesso à educação,emprego ou condições satisfatórias de saneamento ou moradia restritas à elite nordestina e que vinha de um lar dissolvido pela tragédia da morte de sua família.

Importante ressaltar neste debate que Lampião contava com a fundamental ajuda da população local que simpatizava com algumas de suas ações como Hobsbawm destaca já que em muitos casos haviam abusos de autoridade por parte da polícia contra a população.

Lampião e outros cangaceiros até arbitravam sobre crimes e problemas ocorridos dentro de povoados devido a descredibilidade e desconfiança que a polícia havia adquirido junto a eles.É neste ponto que o banditismo social se separaria do banditismo comum cujos marginais agem indistintamente contra a população e que portanto não contam com sua simpatia,identificação e ajuda,dado importante para a compreensão do fenômeno Lampião.
Por outro lado,Lampião também é identificado somente como um perigoso bandido que aterrorizava o interior nordestino inclusive aplicando justiça contra todos aqueles que contrariavam suas ideias além de punir mulheres adúlteras e outros criminosos,executando com requintes de crueldade seus rivais.

A fama de Lampião em seu auge o fez se oferecer para barrar e destruir o avanço da Coluna Prestes,um movimento de jovens oficiais do exército que pretendiam incentivar uma revolução socialista,em troca de anistia por seus crimes e pelo título formal e reconhecido de capitão.Cumpre ainda citar a participação do comerciante árabe Benjamin Abraão,que ao documentar minuciosamente os hábitos da quadrilha,ganhou seu respeito e admiração,tendo suas fotos e filmes sobre o bando o glamourizando.Isso o reforçou como um grande mito popular já que Lampião não consentia que outro fotógrafo lhe fizesse tais registros desde então.

Lampião na cultura popular
Lampião se situa como um dos personagens mais controversos do folclore popular brasileiro porém ainda dos mais conhecidos.Embora desmentido por descendentes há registros que Lampião tinha um gosto exigente e até mesmo consumista para os padrões da época usando perfume francês importado,óculos alemães e bebendo uísque importado como publicado em edição especial do jornal O Globo 2000.Foi transformado em peças de teatro,séries,filmes,teses de mestrado,músicas e etc,que ajudam a manter o mito vivo apesar de todas as contradições e polêmicas sobre sua vida.

Lampião em literatura de cordel,comum no Nordeste do Brasil

terça-feira, 3 de julho de 2018

Corpos incorruptos de santos:Milagres ou farsas?

Entendendo o que são os corpos incorruptos
Corpos incorruptos são todos aqueles que,supostamente,não se decompõem por milagre divino como alegam muitas autoridades religiosas mundo afora,sobretudo no mundo católico onde existe maior divulgação desses supostos milagres.

Para elas,os corpos incorruptos são aqueles que se conservam intactos após a morte sem nenhum sinal de decomposição como Santa Bernadete,Padre Pio ou Santa Rita de Cássia por milagre de Deus que intercederia diretamente no corpo sem vida do(a) santo(a) deixando-o intacto para a eternidade.A incorrupção do corpo do(a) santo(a) seria o sinal de que a pessoa foi uma bem-aventurada,benfeitora merecendo a benção.Muitos desses corpos hoje preservados em vitrines e expostos ao grande público,não apresentariam mal cheiro ou putrefação impressionando os devotos e até mesmo o papa.De acordo com a maioria dos católicos que seguem essa doutrina,não existe outra explicação além dessa para o fenômeno.

Corpo 'miraculosamente' incorrupto de santo Padre Pio exposto na Itália


A mumificação natural de corpos
Muitas pessoas acreditam que somente através de embalsamamento,um processo de conservação, o corpo pode se manter preservado para a posteridade como as famosas múmias egípcias do faraó Tutancamôn ou Ramsés II.No entanto a mumificação também é um processo natural que em situações bem especiais pode acontecer.
No calor escaldante dos desertos,corpos humanos ressecavam espontaneamente no calor do Sol impedindo a proliferação de bactérias que o apodreceriam conservando-se assim durante séculos no clima seco e árido,sem nenhum tipo de intervenção humana para isso.

No frio intenso,um fenômeno semelhante ocorre quando corpos se conservam intactos com pequenos sinais de decomposição por milênios como Ötzi,um homem pré-histórico de mais de 7 mil anos de idade descoberto nos alpes italianos nos anos 1990.

Outro processo natural conhecido é a saponificação,quando o solo ao redor do defunto é argiloso e úmido que impede a proliferação de bactérias reagindo com a gordura corporal preservando o corpo ou partes dele,como geralmente acontece nesse processo de conservação natural.Calcificação e corificação são outros processos de conservação cadavérica natural conhecidas na medicina e biologia atuais,porém desconhecidas e cheias de preconceitos religiosos há séculos atrás,de onde muitos desses corpos vêm.

Ausência de oxigênio nos caixões e até reação química com o zinco deles durante os sepultamentos também implicavam em conservação natural do corpo em muitos casos.E como citado,muitos desses processos não eram conhecidos e estudados no tempo em que esses milagres de incorrupção foram decretados pela igreja,lançando assim descrédito quanto a sua veracidade,um detalhe hoje ainda ignorado.

Rosália Lombardo e Alfredo Salafia
Alfredo Salafia foi um químico autodidata que se tornou célebre na Itália no início do século XX por inventar uma técnica inovadora de embalsamar corpos para preservá-los por tempo indeterminado.Seu repertório envolve mais de 100 corpos embalsados ao longo dos anos de trabalho que incluem desde políticos,pessoas de alta classe e até cardeais.

Sua obra-prima seria a menina Rosália Lombardo,morta em 1920 em decorrência de uma grave pneumonia aos 2 anos de idade incompletos.Seguindo a antiga tradição de sepultar os mortos em igrejas e/ou mosteiros,Lombardo foi uma das últimas pessoas a serem sepultadas nas catacumbas de Palermo,um antigo mosteiro dos frades capuchinhos usados por estes por séculos para sepultamentos.

A perfeição da técnica é tamanha que Rosália é conhecida como a bela adormecida(foto abaixo)devido ao semblante que possui como se ainda estivesse viva porém dormindo.
Rosalia Lomardo parece estar dormindo 

Comparando a fotografia de Rosália Lombardo com a de Santa Bernadette(foto abaixo)se constata que a integridade física dos corpos é impressionante e impecável,sem nenhum sinal aparente de decomposição,apenas uma leve camada de cera foi aplicada sobre a pele de ambas.
Corpo 'incorrupto' de Santa Bernadette,falecida em 1879 e exposto em uma vitrine na cidade de Nevers,França

Por um lado temos um método comprovadamente científico aplicado em Lombardo e do outro,um misterioso caso sobrenatural?

Cumpre ressaltar que visitantes e trabalhadores das catacumbas de Palermo relataram que os olhos de Rosália Lombardo abriam e fechavam misteriosamente numa polêmica que gerou superstições em torno do corpo da menina.No entanto no ano de 2009,o curador e arqueólogo responsável pelas catacumbas Dario Piombino-Mascali esclareceu que tudo não passou de uma ilusão de ótica provocada pela mudança de posição do corpo da menina que fez a luz refletir melhor nas pálpebras criando o efeito de abrir e fechá-las.É conhecido também que oscilações na umidade e temperatura no ambiente causam contrações e alterações em materiais de origem orgânica como corpos humanos,o que também explicaria o efeito na múmia de Lombardo.Esse fenômeno também é relatado no corpo incorrupto de Santa Rita de Cássia exposto na Itália em condições semelhantes.

Milagre ou ciência?
A Igreja Católica é enfática em recusar acesso aos corpos incorruptos para estudo,assim como na maioria de suas relíquias sagradas o que dificulta a comprovação de um suposto milagre divino intercedendo junto aos santos católicos,até mesmo uma hóstia convertida em sangue e carne humanos é creditada como milagre católica sem respaldo científico.Os defensores dos corpos incorruptos recusam aceitar que se tratam de casos de mumificação natural ou métodos químicos de conservação de corpos reconhecendo que todos os testes já foram aplicados restando somente o milagre divino como comprovação da fé assim como afirma o estudioso católico padre Oscar Quevedo que escreveu um estudo sobre o assunto publicado em livro.

Outros pontos também merecem esclarecimentos,pois embora hajam corpos incorruptos nas Américas e Ásia,a maioria esmagadora concentra-se na Europa onde as técnicas de conservação cadavérica eram mais aprimoradas,conhecidas e aplicadas inclusive em membros da igreja como Alfredo Salafia reconhecidamente fez.É plausível que as técnicas de embalsamamento fossem aplicadas e não documentadas para a posteridade,aliado às superstições sobre mortos e pessoas santas geralmente de reputação impecável, o segredo permanecia como um suposto milagre divino.Já que para se tornarem santas,seus corpos precisavam estar incorruptos após a morte e seu sepultamento,sinal de milagre divino.

É reconhecido também que a Igreja católica mantinha censura sobre assuntos religiosos que poderiam arrefecer a fé cristã de seus seguidores e diminuir seu poder temporal portanto manter discrição e segredo sobre tais assuntos era fundamental.Muitas relíquias sagradas também eram comprovadamente forjadas,sobretudo durante a Idade Média onde favores concedidos por papas e cardeais eram pagos em espécie a custa de farsas como venda de itens sagrados como ossos de santos e pedaços da cruz de Cristo.É nesse contexto que os corpos incorruptos,símbolos de milagres surgem como confirmação do poder de Deus.

Diante de tantos indícios e provas de mal-entendidos e até fraudes já explicadas pela ciência porém ignoradas e menosprezadas,os corpos incorruptos se mantêm para os crentes da cristandade católica,maior defensora desse fenômeno.No entanto os indícios e fatos científicos são claros quanto a veracidade de tais fenômenos.

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