domingo, 23 de dezembro de 2018

O Problema do Aquecimento Global:seu histórico,mitos e verdades.

   Um tema muito recorrente nos dias atuais e que chama a atenção de políticos,mídia,comunidade científica e o público de modo geral tem sido a questão do aquecimento global,tema do post de hoje.



   O aquecimento global é um fenômeno moderno ligado ao chamado efeito estufa,que aquece o planeta em níveis acima da normalidade causando problemas para a humanidade e impactos ambientais graves que prejudicam os ecossistemas e a própria capacidade dos seres humanos de se sustentarem com esses recursos.

   O aumento do nível dos oceanos e as mudanças climáticas são consequências diretas dele.O efeito estufa basicamente seria um fenômeno climático no qual os gases emitidos por fontes humanas,sobretudo o dióxido de carbono(CO2) dissipado pela queima de combustíveis fósseis e as queimadas.

Breve histórico
   Com o advento da era moderna e a Revolução Industrial,a vida humana tomou rumou antes inimagináveis passando do modo de produção artesanal e manufatureiro,característicos da Idade Média e Moderna para o modo fabril,industrial.

Clique aqui para acessar uma postagem sobre os males da Revolução Industrial já publicado neste blog.

    A mecanização neste contexto assumiu proporções que aceleraram o processo de fabricação de mercadorias onde uma única máquina era capaz de produzir uma mesma quantidade de roupas que 100 pessoas juntas numa estimativa grosseira por exemplo.
   Assim,as máquinas foram cada vez mais assumindo papéis importantes na sociedade industrial.
E para acompanhar essa nova era,os combustíveis eram cruciais já que foram responsáveis pela força motriz dessas máquinas.

   Um dos primeiros combustíveis fósseis a ser utilizados pelos pioneiros industriais teria sido o carvão mineral,fundamental para manter as caldeiras acesas de máquinas a vapor,as primeiras usadas na introdução da Revolução Industrial cuja matéria-prima ainda hoje é utilizada em usinas termelétricas sendo extremamente poluentes.

   A partir deste pioneirismo industrial que se espalharia para as demais partes do mundo globalizado, o uso desses combustíveis fósseis tornou-se cada vez mais alinhado com o capitalismo e mais precisamente a era do Capital, como na obra homônima do historiador Eric Hobsbawm.

   O progresso alcançado pelo avanço do sistema capitalista com o livre comércio e a lei da oferta e da procura além da própria competitividade entre investidores com a construção de linhas férreas,navios,armamento entre diversos já nesta época, gerou impactos de ordem social e política mas também ambientais que somente seriam levados a sério em pleno século XX,cerca de 200 anos depois do início da revolução.

   O escritor francês Júlio Verne em algumas de suas obras coloca o tema do progresso como necessário e inevitável mesmo que ele significasse a destruição do meio ambiente para dar lugar a estradas de ferro ou usinas.Na sua época,século XIX,o neocolonialismo europeu atingiu o seu auge e a submissão de países e de seus povos considerados como 'inferiores' supostamente justificava esse comportamento.

   O meio ambiente de fato nunca foi tratado como um tema digno de cuidado por governantes e administradores já que sempre foi visto como mera fonte de matéria-prima para revolução e o mercado do capital assim o desmatamento,a caça e a pesca predatória e a mineração alcançaram níveis cuja destruição do ambiente beira o absurdo.

Destruição ambiental causada pelo garimpo de ouro com uso de mercúrio em Serra Pelada no Pará,Norte do Brasil

   Porém os primeiros movimentos que visavam proteger a natureza começam a partir dos anos 1960 com a questão do pacifismo pregado por jovens universitários engajados na causa hippie e as convenções do meio ambiente como a de Estocolmo ou o Clube de Roma por exemplo,que reconheciam a salvaguarda da natureza como uma questão vital para a manutenção da própria qualidade de vida dos seres humanos criando os conceitos usados até hoje nesta área.

Aquecimento global,um problema...
   Neste ponto é interessante também reconhecer que com o século XX novos problemas que fortaleceram o aquecimento global tornaram-se visíveis e que ainda não existiam no início da Revolução Industrial como a explosão demográfica,a disseminação de armas nucleares,desastres ambientais,o constante uso de produtos tóxicos que poluem gravemente o ambiente,as queimadas que abrem lugar para o pasto.

   Neste aspecto por exemplo as emissões de dióxido de carbono provocadas por queimadas respondem por uma boa parte do efeito estufa como acontece na floresta amazônica.

Usina eólica funcionando com a força dos ventos

   O escapamento de veículos automotores,outro importante emissor tem sofrido constantes avanços e aprimoramentos ao longo das décadas justamente com a proposta de minimizar os efeitos causados pela poluição como o uso de combustíveis à base de produtos vegetais como o álcool além de veículos elétricos.

   O investimento em tecnologias com fontes renováveis de energia também tem sido uma constante na qual até mesmo conta com incentivos governamentais de certos países.A energia solar,eólica,nuclear e até mesmo das ondas do mar tem sido usadas para gerar energia de forma a não prejudicar o meio ambiente.
   Hoje a indústria de automóveis tem promovido ações que visem aperfeiçoar o uso de tecnologias chamadas limpas,ou seja,sem a emissão de poluentes ou que os emitam em níveis aceitáveis por convenções internacionais.

Ave coberta de óleo no acidente ambiental causado por navio petroleiro em 1989 no Alasca,EUA


Aquecimento global como conspiração?
   O aquecimento global faz parte do rol de teorias conspiratórias muito divulgadas a partir dos anos 2000.A corrida comercial tem produzido insinuações de que ele seria uma invenção de parceiros comerciais para atrapalhar o crescimento econômico do outro assim adquirindo mais mercados para seus produtos e evitando as normas sobre a emissão de gases poluentes.
   Neste sentido o protocolo de Kioto assinado no Japão em 1997 com a aderência de diversas nações mundiais se comprometeriam a reduzir suas emissões até 2012 quando entraria em vigor outro acordo.

   Os negadores do aquecimento também argumentam que não existe provas científicas que ele está acontecendo já que o planeta já esquentou e resfriou em eras passadas não sendo a influência humana um fator nesse processo.Alguns presidentes americanos já se pronunciaram a respeito da viabilidade do cumprimento do protocolo pelos EUA,se recusando a atender as metas estabelecidas para não prejudicar o seu equilíbrio econômico e seu padrão de consumo,um dos maiores do mundo.

   Há muitos outros argumentos que tentam igualmente desacreditar o fenômeno do aquecimento contudo as constantes tempestades tropicais,as ondas de calor que afetam regiões temperadas como a Europa e o Japão e o derretimento das calotas polares tem sido uma prova irrefutável da culpabilidade humana nas mudanças climáticas.
Desastre natural ocasionado pelas fortes chuvas no Rio de janeiro em 2011
   Daqui há algumas décadas algumas cidades costeiras como Rio de Janeiro,Nova Iorque ou Londres poderão sofrer com o aumento do nível da água dos oceanos cobrindo uma parte de sua área,a praia de Copacabana,famosa mundialmente desapareceria neste catastrófico contexto.

   Enquanto persiste uma queda de braço entre cientistas e políticos que tentam desacreditar o aquecimento global,os efeitos deste se tornam cada vez mais severos ameaçando vidas em todo o mundo,analistas já concordam que em pouco tempo as mudanças climáticas supracitadas provocarão um fenômeno social novo chamado de refugiados climáticos,pessoas que fugiriam de seus países de origem devido às alterações do clima e suas consequências drásticas.

domingo, 2 de dezembro de 2018

O Lado Obscuro da Grande Depressão Econômica de 1929-A Maior Crise do Capitalismo Moderno

No ano de 1929,o mundo presenciaria a maior crise que o capitalismo vivenciou desde sua implantação como modo de produção na era moderna,a chamada Grande Depressão resultado da quebra da bolsa de valores de Nova Iorque nos EUA.Esta crise financeira,a maior na escala,seria responsável pela falência de milhares de bancos,empresas e latifundiários.Milhões de pessoas seriam demitidas de seus postos de trabalho enquanto as que permanecessem teriam seus salários reduzidos.Essa foi e continua sendo a maior crise que o sistema financeiro mundial atravessou,altamente dependente do capital americano.



Florence Thompson,mãe de sete filhos numa famosa fotografia que se tornou símbolo da depressão

Antecedentes da Depressão

Os anos 1920,foram prósperos para a nação americana que havia sido uma das vencedoras da 1ª Guerra Mundial e portanto uma das maiores fornecedoras de produtos e créditos para o mundo e a Europa arrasada pelo conflito que durou longos 4 anos,a exemplo do que aconteceria na 2ª Guerra.

O clima de otimismo dominou os empresários americanos que viam seus investimentos na bolsa de valores multiplicarem enquanto seus negócios evoluíam no mesmo ritmo.Os investimentos se ampliavam para todas as áreas da economia fazendeiros pediam grandes empréstimos aos bancos para comprar máquinas e assim melhorar a produção no campo,nas cidades a compra de imóveis crescia assim como a produção desenfreada de mercadorias que enchiam o mercado consumidor.

É digno de nota que a fase compreendida entre o início do século XX e a depressão foi a que teve uma das maiores influências teóricas no campo do trabalho e da produção fabril desde a introdução do marxismo e dos estudos de Max Weber nas cátedras universitárias.Propostas teóricas como o taylorismo e o fordismo foram especiais no sentido de incentivarem o aumento na produção e os ganhos dos empresários com a montagem de série e em larga escala de automóveis,desenvolvido por Henry Ford, que depois envolveria todas as mercadorias comercializadas assim como a fiscalização rigorosa do trabalho individual dos operários nas fábricas otimizando o tempo ao máximo em busca do lucro como foi defendido pela teoria taylorista de Frederick Taylor.

Carros produzidos em série que deu fama a Henry Ford e símbolo de prosperidade dos EUA pré-Depressão

Assim os EUA,já sedimentados como a maior potência industrial do globo em 1929 que havia ultrapassado sua concorrente e ex-metrópole Reino Unido em finais do século XIX,reuniu o contexto teórico que incentivava a produção com o consequente clima de otimismo dos lucros gerados mas com resultados que seriam lamentados logo depois.Alguns historiadores como o brasileiro José Jobson Arruda argumentam que a superprodução de mercadorias pode ter sido a principal causa da Depressão,já que com tantos produtos no mercado nem todas as pessoas poderiam e teriam dinheiro para comprá-los ocasionando assim prejuízo para os fabricantes e queda no valor das ações das empresas uma causa admitida entre a maioria dos historiadores econômicos.

Para todos os efeitos a crise havia se instalado como já estava acontecendo antes do fatídico 24 de outubro de 1929,conhecida como a quinta-feira negra na qual a Depressão se confirmaria definitivamente e levaria anos para ser superada gerando graves problemas em escala nacional e mundial.

A pobreza e ascensão de governos totalitários
Com a quebra da bolsa o dinheiro investido em países estrangeiros precisou ser repatriado pelos EUA,na prática isso significou que todos os créditos e empréstimos realizados deveriam voltar.Como é de se esperar essa medida causou consequências drásticas na economia européia e mundial.Sem o dinheiro americano muitos bancos europeus também faliram junto às empresas num efeito cascata,logo a inflação alcançou picos históricos e inacreditáveis.



Mulher com seus filhos numa favela durante a depressão

Consta que somente na Alemanha as pessoas precisavam ir aos mercados com carrinhos de mão cheios de dinheiro para comprar somente um pão ou um maço de cigarros.Nos bares não era diferente,se comprava o máximo de cervejas possível em uma única rodada pois os preços mudavam de um minuto para outro encarecendo-a.O marco,a moeda corrente alemã na época não valia sequer o próprio papel onde era impressa.Situações como esta foram usadas como uma das justificativas do revanchismo alemão pregado por Adolf Hitler na sua
conquista do poder.

No Brasil a crise afetou a produção de café,principal produto de exportação da época.Com os EUA mantendo uma política de repatriação de divisas e não comprando mais do Brasil,muitos cafeicultores foram à falência,obrigando o então governo federal a protegê-los comprando os excedentes.

Neste contexto demagogos com discursos nacionalistas como Adolf Hitler na Alemanha ou o general Francisco Franco na Espanha conquistam a adesão popular chegando ao poder de seus respectivos países com suas posturas que privilegiavam a economia nacional,o incentivo à industrialização e militarização da sociedade.

Outras consequências da Depressão
Os EUA,o maior afetado pela crise sofreu com a alta do desemprego,preços altos,criminalidade e as declarações de falência.Até aquele período da história este país jamais havia experimentado uma situação de vacas magras como esta.O então presidente Herbert Hoover,foi responsabilizado pela crise enquanto favelas eram erguidas ao longo do país num fenômeno sócio-econômico devastador.

Confronto entre policias e moradores numa favela americana durante a Depressão

Na esteira desta crise,alguns eventos como o avanço da criminalidade foram tomando as manchetes dos jornais levando criminosos como assaltantes de banco à fama repentina.Os bancos que tomavam as casas e fazendas de pessoas endividadas pela crise também eram responsabilizados pela população,que assim via os assaltantes de banco como o famigerado John Dillinger como uma espécie de herói às avessas pois enquanto roubava os estabelecimentos rasgava as hipotecas que comprovavam as dívidas geradas pelas pessoas.

Estes fatos faziam com que a simpatia pública crescesse em relação a estes homens fora-da-lei.No auge da fama Dillinger foi considerado inimigo público número 1 dos EUA com uma farta recompensa de 20 mil dólares sendo concedida àquele com informações que o prendessem,uma fortuna num país com a própria moeda desvalorizada.Esta época foi considerada a era de ouro dos assaltos à banco.
Cartaz de procurado de John Dillinger com 20 mil dólares de recompensa,uma fortuna na época da Depressão

O crime também fez o descendente de italianos Al Capone outro ícone marginal da época já que concentrava uma rede criminosa onde bordéis,assassinatos por encomenda,jogos,corrupção policial e tráfico de bebida alcoólica eram controlados por ele.

Contudo com as eleições se aproximando as pessoas concluíram em votar num democrata já que haviam se desiludido com o partido republicano de Herbert Hoover alegadamente o culpado pela depressão elegendo então Franklin Delano Roosevelt para presidente.Ele ficaria conhecido pelo emergencial e ambicioso plano de recuperação fiscal conhecido como New Deal,baseado nas ideias de intervenção estatal do economista inglês John Keynes.

Com a implementação do plano os EUA saíram mais fortalecidos do que quando entraram na Depressão absorvendo mão-de-obra desempregada construindo barragens,estradas,pontes e curiosamente aumentando os salários para induzir o poder de consumo dos americanos.Com o início da 2ª Guerra em 1939,os EUA se consolidariam como a potência econômica absoluta do mundo.

Franklin Delano Roosevelt


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domingo, 18 de novembro de 2018

Você sabe o que é a ufologia?

Ufologia em linhas gerais é o estudo dos objetos voadores não-identificados,os OVNI's, e por extensão dos fenômenos que envolvem extraterrestres no planeta Terra.O termo ufologia é recente e passou a ser usado com mais frequência a partir dos anos 1960 quando uma onda de avistamentos de OVNIs passou a fazer parte do cotidiano da sociedade tecnológica moderna.
Uma explosão de casos e testemunhas oculares de fenômenos extraterrestres estampavam as capas de jornais e revistas incluindo até mesmo o suposto sequestro de seres humanos perpetrados por naves espaciais,evento conhecido no meio ufológico como abdução.


Existem até mesmo categorias de contato entre seres humanos e extraterrestres como de 1º,2º ou 3º graus,hoje havendo até mais categorias que essas variando de acordo com observação do OVNI até as próprias abduções que seriam o grau máximo de contato.

Um dos primeiros casos registrados que teriam dado origem ao fenômeno OVNI na era moderna é atribuído ao piloto amador Kenneth Arnold em 1947.Conta-se que Arnold estava operando seu avião de pequeno porte sobre as colinas de Washington nos EUA quando teria percebido que era seguido por pequenos discos brilhantes cuja velocidade era muito superior a qualquer outro avião que ele havia visto.Sua história se tornou célebre desde então inaugurando os estudos ufológicos.Neste caso,foi usado pela primeira vez o termo 'disco voador' que se tornaria famoso desde então na ufologia a partir daquela data.

Contexto histórico
Nos anos 1960,no auge do movimento hippie e contracultural muitas pessoas aderiam a moda da Era de Aquário tornando-se místicas e esotéricas sobretudo com o uso de substâncias psicoativas como o LSD e a maconha que causavam estados alterados de consciência e suposta comunicação com o mundo espiritual e até extraterrestre.Monumentos históricos como Stonehenge na Inglaterra ou as ruínas do império inca no Peru eram constantemente visitadas por simpatizantes das teorias dos antigos astronautas proposta pelo hoteleiro suíço Erich Von Daniken e hippies que acreditavam que tais monumentos terem sido construídos com a ajuda de aliens vindos do espaço sideral.
Assim programas de TV,jornais,revistas exploravam o tema com sensacionalismo de modo a vender as histórias ao maior público possível.

'Moais' na Ilha de Páscoa,alguns ufólogos alegam que teriam sido construídos por extraterrestres

Casos muito famosos se tornaram comuns no contexto da ufologia despertando medo e curiosidade até mesmo naqueles que não acreditavam em tais fenômenos.Um dos mais famosos teria sido a queda de um disco voador legítimo no deserto do Novo México nos EUA logo após o fim da Segunda Guerra Mundial,especificamente em 1947.De acordo com fontes não-oficiais,ou seja não reconhecidas pelo governo,um fazendeiro local teria descoberto por acaso pedaços de um disco voador que se acidentou em sua passagem pela Terra.Ele reconheceu os destroços do disco como algo inédito que ele jamais havia visto assim como estranhos hieróglifos escritos da lataria além,claro,de uma criatura que estaria pilotando a nave no momento da queda e que parecia já estar morta.

Jornal da época divulgando suposto disco voador no caso Roswell

Esse surpreendente caso conhecido mundialmente como Roswell,devido à cidade próxima deste evento,se tornou um ícone da ufologia reconhecida ainda hoje como um dos maiores mistérios do assunto e repleta de teorias conspiracionistas que a explicariam pois supostamente o governo americano não deu maiores explicações sobre o incidente preferindo 'abafá-lo'.

Rumores jamais confirmados alegavam que membros do exército coagiram as testemunhas do caso a manterem silêncio sobre ele já que a versão oficial divulgada pela imprensa local seria da queda de um balão meteorológico confundido com destroços de um suposto disco voador.A suposta criatura teria sido levada para análises de laboratório numa base secreta da força aérea americana,a Área 51.

Esta é uma característica muito comum da ufologia:a conspiração.Enquanto pseudociência a ufologia não conta com o apoio sistemático do método científico em comprovar seus casos e afirmações permanecendo na fronteira do ridículo e imaginação não contando com a credibilidade e a confiança da comunidade científica. A maioria dos casos não tem um estudo sério e por isso mesmo são mais passíveis de invenções e contradições facilmente desmentidas por estudiosos de outras áreas como médicos,astrônomos e demais cientistas.

E no Brasil..
No Brasil a ufologia permanece como uma curiosidade levada adiante por alguns pesquisadores espalhados pelo país como Ademar Gevaerd ou Ubirajara Rodrigues que cobriu o misterioso e nacionalmente conhecido caso do Et de Varginha em 1996,um dos maiores ícones da ufologia nacional transformada em atração turística na cidade mineira onde tudo teria acontecido.Também há simpatizantes e até comunidades inteiras dedicadas ao culto dos seres extraterrestres como o chamado et Bilu na cidade de Corguinhos no Mato Grosso do Sul que se tornou famoso sendo até mesmo tema de reportagens de TV.

Boneco do suposto et na cidade mineira de Varginha que se tornou atração turística local
A ufologia conquistou certo espaço na cultura popular sobretudo com a ascensão da tecnologia de ponta no pós guerra,a expansão da aviação comercial,da tecnologia militar com novas armas na Guerra Fria(1946-1991) que potencializou a aparição de objetos voadores não-identificados nos céus de todo o mundo com a produção de foguetes,mísseis e aviões espiões secretos que em muitos casos confundiam pessoas desinformadas.
Na literatura,cinema e até música os extraterrestres são criaturas privilegiadas que mantem um nicho de mercado muito atraente para a indústria já que despertam diferentes sensações nas pessoas se tornando célebres estrelas como no filme E.T de Steven Spielberg ou os destruidores e inimigos da humanidade no livro Guerra dos Mundos do escritor inglês H.G.Wells que também já foi adaptado para o cinema.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O que foi a Gripe Espanhola?A maior pandemia que o mundo já viu.

Era 1918,final da Primeira guerra quando os soldados entrincheirados na Europa começam a cair doentes e morrerem,ninguém sabia ainda o que podia estar acontecendo,era só o início de um mal que faria mais vítimas que a própria guerra iniciada em 1914 já estava fazendo:a Gripe Espanhola.Dores no corpo,manchas pela pele e por fim a falta de ar que levava à morte,eram os sintomas recorrentes de quem adoecia da misteriosa gripe que tomou conta do mundo naquele ano.

Enfermaria improvisada com doentes da gripe

Os corpos não enterrados,as condições precárias de higiene nas trincheiras e o vai-e-vêm de soldados de todas as partes do mundo ajudaram a espalhar uma das doenças mais mortais que a humanidade já viu,se contarmos a quantidade de vítimas em relação ao pouco tempo em que ela esteve ativa,somente 1 ano.A medicina da época não estava preparada para a letalidade e propagação da gripe onde até mesmo os estudos sobre os vírus eram discretos e insuficientes.

A doença foi global e o nome gripe espanhola que foi creditado à Espanha onde supostamente teria acontecido os primeiros casos da doença já é uma versão desmentida pois foi nos EUA o registro inicial.No Brasil a doença teria chegado pelo porto de Recife enquanto no Rio de Janeiro,a capital federal do Brasil à época, morreram cerca de 12 mil pessoas,de acordo com algumas fontes sendo que uma delas foi o próprio presidente do Brasil na época,Rodrigues Alves.

Até mesmo em jogos esportivos o uso da máscara contra a gripe era usada

Ao redor do mundo a doença se espalhou como fogo na palha,fazendo centenas de milhares de vitimas indiscriminadamente,na Índia os corpos dos mortos eram depositados nas próprias ruas por falta de espaço transformando-a numa realização dos temores de um apocalipse na terra.

A gripe era mesmo espanhola?
De acordo com a historiografia atual se considera que os primeiros casos registrados da doença foram nos EUA em um acampamento militar ou ainda na Ásia.A confusão vêm do fato que a doença já estava em circulação antes do registro dos primeiros casos e divulgar o contágio de doenças graves que abatiam soldados de seus respectivos exércitos não era bem visto pelos países em guerra.

Considera-se o contexto da Primeira Guerra e a censura da imprensa nos países envolvidos no conflito que não admitiam,em sua grande parte,a veiculação de notícias ruins sobre si a demora pelo reconhecimento da propagação de uma epidemia global que contaminava milhões de pessoas em níveis jamais vistos na história. E conforme conta o médico e historiador Stephan Cunha a Espanha era um país neutro no conflito e noticiava o avanço da doença sem censuras descrevendo o dia-a-dia dos problemas advindos com ela de modo aberto causando a sensação de ser a origem do vírus sendo assim conhecida como gripe espanhola desde então.Contudo,a França foi a primeira nação européia a ser afetada pela gripe.


Quem foi o vírus mais letal que a humanidade já viu?
Foi o vírus H1N1 o responsável pela morte de 50 milhões de pessoas em 1918.Até aquela época pouco se conhecia a respeito da natureza dos vírus já que os estudos ainda eram incipientes naquele início de século XX e assim não se acreditava que eles poderiam ser os responsáveis pela gripe.Assim se pensou inicialmente que a gripe seria causada por uma bactéria com alto poder de contágio.

Leve-se em conta por exemplo que a maior parte de todas as doenças devastadoras conhecidas até aquela época eram veiculadas por bactérias mortais como a da sífilis e a tuberculose,a conhecida peste branca,que juntas mataram milhões de pessoas ao redor do mundo até a chegada dos antibióticos reduzindo drasticamente a incidência dessas moléstias.A gripe espanhola portanto era um fenômeno médico novo causado por um agente infeccioso misterioso.

Tanto foi assim que somente muitas décadas depois da pandemia que o vírus foi enfim identificado e 5 pessoas tiveram papel chave nesta descoberta científica,não por acaso.De acordo com a enciclopédia Globo 2000 cerca de 1 bilhão de pessoas teriam sido contaminadas pela gripe o que equivalia em valores da época a 50% da humanidade,fazendo da gripe espanhola uma das mais mortais e bem-sucedidas pandemias da história.

Um homem com pulverizador tenta controlar o contágio da gripe

A morte causada pela gripe

Embora não haja consenso, os historiadores estimam entre 20 e 50 milhões o número de vítimas fatais provocadas pelo terrível vírus ou seja 5 vezes mais vítimas que a guerra fez em 4 anos.Enquanto a gripe esteve ativa,o saldo de mortes foi sempre crescente produzindo pilhas de corpos que geravam outros problemas sanitários,devido a necessidade de sepultá-los.O mundo estava por um lado comemorando o fim de uma terrível guerra com o armistício de 1918 e por outro já lamentava a morte de entes queridos para uma doença desconhecida.

Cumpre ressaltar que o vírus permaneceu um mistério por muitas décadas mesmo depois da eclosão de outras epidemias perigosas como a gripe asiática em 1957 ou a gripe de Hong Kong em 1968 onde os estudos sobre a propagação de doenças e viroses estavam mais adiantados.Somente na década de 1990,mais de 70 anos depois é que uma dupla de cientistas foram atrás do causador da pandemia de modo a entender e estudá-lo como não havia sido feito em 1918.

Voluntários da Cruz Vermelha ajudando vítimas da gripe

Para a identificação do vírus foram necessárias 5 pessoas,cujos corpos que haviam preservado partes do vírus entre elas soldados e um esquimó conservado no gelo do hemisfério Norte.A partir de amostras dos pulmões desses corpos, um levantamento do vírus pode ser feito se chegando ao H1N1. Primeiro de uma série de um grupo de vírus que se distribuíram com alta taxa de mortalidade pelo globo daquela data em diante.

Embora tenham acontecido surtos de gripe com relativo número de mortes gerando pânico em épocas mais recentes como a gripe suína e aviária nenhuma delas foi tão devastadora quanto a gripe de 1918.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

A verdadeira história dos leões de Tsavo-Os Devoradores de Pessoas

Por Sandro Costa


Os Lendários Leões de Tsavo


Em 1898,em plena savana africana uma estrada de ferro estava sendo construída pelo Império Britânico,a intenção era escoar o cruel comércio de marfim, que eram cobiçados por caçadores e traficantes,entre outros gêneros que vinha de Uganda para o Quênia(sobre o rio Tsavo daí o nome deles) países na região sul da África.
Na época os ingleses controlavam a região e portanto a tarefa de construir essa ferrovia ficou por conta deles comandados por um tenente coronel do exército chamado John Patterson que ficou como chefe da obra e que posteriormente escreveria um livro relatando todos os acontecimentos envolvendo a construção da ferrovia e o incrível ataque dos felinos que os imortalizaria.

Na época as condições de trabalho eram de semi escravidão com péssimas condições de trabalho para os africanos envolvidos na obra.Contudo e o que ninguém esperava era a chegada de 2 leões extremamente ferozes e famintos que espalhariam o terror entre os trabalhadores e ingleses e que entraria para a história como um dos maiores e mais surpreendentes ataques de animais contra seres humanos já registrados.

Os leões empalhados no museu de Chicago

O início dos ataques e pânico

É em março de 1898 que os primeiros ataques mortais começam,primeiro ele é entendido como um ato isolado de um leão que vive em seu habitat natural e portanto disputa o mesmo espaço da ferrovia(afinal de contas a savana é um espaço selvagem invadido pelas pessoas).No entanto nos meses seguintes quando os ataques ficam cada vez piores é quando a real gravidade da situação começa a preocupar e chamar a atenção.

Os ataques se sucediam sem trégua,há registro de um massacre perpetrado por ambas as feras contra uma enfermaria dentro do acampamento liquidando dezenas de pacientes.Os ingleses se empenharam em matar os animais acabando com a ameaça e várias armadilhas convencionais foram usadas mas nenhuma surtiu efeito sendo estranhamente burladas pelos leões que até mesmo sintonizavam os ataques entre si atraindo vítimas.

A essa altura,a fama dos 2 leões assustavam a todos na obra e as mortes só aumentavam no decorrer dos dias,mesmo com as fogueiras ardendo alto durante toda a noite e as cercas ao redor do acampamento dos trabalhadores não impediam em nada que ambos animais levassem mais de um homem por noite,devorando-os fosse no mesmo local ou até mesmo carregando-os até sua toca,numa caverna distante da obra.A cada novo ataque as feras adquiriam mais confiança para a próxima investida agindo com uma estranha parceria e entrosamento que espantou biólogos e historiadores que estudaram seu caso ao longo do século XX.

Toca dos leões em fotografia de 1898


O filme baseado nos ataques das 2 feras
A fúria da natureza

Consta que durante março até dezembro de 1898 quando enfim foram abatidos,ambos leões possam ter matado mais de 100 pessoas.Embora pareça irônico,o Império Britânico contrariado com a paralisação das obras por conta das feras contrata caçadores profissionais que também se transformam em vítimas mortais desses animais.

Várias armadilhas foram feitas para capturá-los todas sendo inúteis interrompendo a construção da ferrovia por 2 semanas quando os trabalhadores abandonaram-na com medo de se tornar as próximas vítimas.
Foi o tenente coronel John Patterson que conseguiu abater os animais,com diferentes estratégias, numa armadilha em que quase lhe custou a vida.

Uma explicação

O assunto intriga a começar pelo comportamento em dupla,incomum entre leões que atacam em grupos maiores,somado ao fato de ambas as feras serem machos agindo coordenadamente e que estranhamente não apresentavam jubas.Uma teoria que explica a preferência dos animais pelos seres humanos como presa foi justamente o fato da falta de presas maiores que estavam ou já haviam sido dizimadas pela caça e destruição ambiental em vigor na época com o avanço e consolidação do neocolonialismo europeu no continente africano que privou os leões de presas como elefantes,girafas ou zebras arrasando com a savana.

O gosto pela carne humana pode ter vindo de corpos de escravos e pessoas não sepultadas que serviam de carniça para os animais.Estudos até mesmo comprovariam que havia uma moléstia nos dentes desses felinos que os impediriam de comer presas maiores optando assim pelas pessoas.Outro estudo,de uma universidade americana, afirma até mesmo que o número de vítimas efetivamente comidas por eles teria sido menor,fixando em 35 vítimas, enquanto o número de mortos corresponderia ao divulgado oficialmente como sendo maior que 130,o que já tornaria o caso mais do que surpreendente e raro.

Assim e não por menos eles se tornaram uma lenda assustadora porém real que ficaram conhecidos como a Sombra e a Escuridão entre os nativos africanos.Um filme de mesmo nome com Michael Douglas e Val Kilmer foi baseado nesses eventos.Tais feras seguem sendo um mistério apesar das muitas teorias que tentam explicá-los e um alerta da natureza.

Abaixo as fotos de 1898 apresentando ambas as feras enfim abatidas.

John Patterson,o chefe da obra, com um dos leões mortos



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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

É verdade que o Uruguai foi uma colônia do Brasil?

Sim o Uruguai foi uma colônia brasileira,no entanto foi por pouco tempo e de pequena expressão politica e econômica para o Brasil.

O Uruguai à época conhecido ainda como Banda Oriental havia sido reivindicado pela Argentina com a  independência desta em 1816 tornando-se uma espécie de protetorado com muitos argentinos vivendo no território.
Nesse contexto muitos uruguaios estavam descontentes com a situação do país sob domínio estrangeiro,manifestando assim os primeiros sinais de nacionalismo e aspiração por independência na figura de um importante militar chamado José Gevasio Artigas,um caudilho responsável inclusive por tentativas e incursões militares dentro do território brasileiro a partir do Rio Grande do Sul.

Muitas batalhas foram travadas entre brasileiros e uruguaios e seus aliados argentinos ansiosos para anexá-los.Junte a essa situação a onda expansionista da família dos Bragança que visava incorporar o Uruguai à coroa portuguesa,primeiro com Dom João VI e depois com seu filho e sucessor Dom Pedro I.

Tropas portuguesas sendo enviadas para o Uruguai na segunda invasão do país

Contudo não foi a partir essa época que Portugal 'cresceu os olhos' sobre o vizinho Uruguai,ainda não conhecido sob esse nome.Em 1680 D.Manuel Lobo governador da capitania do Rio de Janeiro manda fundar a Colônia do Santíssimo Sacramento que daria origem ao povoamento do país.Assim o reino de Portugal foi de fato o pioneiro em sua colonização embora a Espanha tenha assegurado sua ocupação estabelecendo sua língua e cultura após um tratado diplomático.

Início do expansionismo lusitano

Segundo o historiador José Daniel de Almeida com a destituição do rei espanhol por tropas napoleônicas,o trono do país é deixado vago e declarado como protegido pela então coroa portuguesa exilada no Brasil que oportunamente se aproveita desse novo cenário político.
O alto comando colonial espanhol nas Américas conhecido como cabildo se recusa a aceitar a proteção e a presença de tropas portuguesas no território cisplatino já estabelecidas em 1811 na região assumindo o compromisso de continuar administrando sozinha suas colônias.Essa primeira ocupação militar é conhecida como a primeira invasão portuguesa.
Embora contrariado,Portugal aceita retirar suas tropas do país.Nesse primeiro embate entre as coroas ibéricas,uma solução diplomática e pacífica é celebrada.     

No entanto José Gevasio Artigas inicia uma nova fase de conflitos o que induz D.João VI a uma nova incursão militar em território uruguaio com a mobilização de tropas que por fim chegam a capital Montevidéu e estabelecem-no como uma província portuguesa,a Província Cisplatina o que na prática significava uma colônia.

Outro motivo que os historiadores geralmente consideram creditado como incentivo dessa segunda invasão portuguesa do território cisplatino é que a então rainha Carlota Joaquina ,esposa de D.João VI e espanhola de nascimento,se considerava legítima herdeira do trono espanhol se declarando Rainha do Prata,cujo nome prata,vêm do rio que banha e dá nome a região compreendida entre Uruguai e Argentina.

Mesmo nesse contexto,os portugueses mantinham interesses em nossos vizinhos do Sul o que incentivou o seu ideal expansionista.

A guerra de independência com o Brasil

Com a derrota uruguaia do general Artigas,o reino unido de Portugal,Brasil e Algarves consolida-se como potência colonizadora sobre o país transformando-o na Província Cisplatina,inclusive tendo representantes uruguaios assistindo a assembléia constituinte de D.Pedro I.

Embora sob domínio político luso-brasileiro,os uruguaios junto dos argentinos mantêm aceso o ideal de um país livre que o antigo revolucionário general Artigas havia despertado.Assim conflagra-se a Guerra da Cisplatina,uma nova rebelião organizada com o intuito de expulsar as forças portuguesas e o domínio do império do Brasil sobre o país.

Entre 1825 e 1828 uma guerra custosa para os cofres públicos não é capaz de conter o avanço do general uruguaio Antonio Lavalleja que com a ajuda inglesa consegue a independência batizando o novo país como República Oriental do Uruguai.

Consequências da guerra
A colonização e manutenção da posse do território uruguaio que daria origem a guerra e a independência do país em 1828 sempre foi mal vista aos olhos da opinião pública brasileira.
Considere o fato que D.Pedro I era encarado como um imperador autoritário no qual até mesmo pairava suspeitas de que restabelecesse o Brasil com colônia,já que era português e concentrava cada vez mais poderes em suas mãos como ficou claro na constituição de 1824.

Retrato de D.Pedro I cujo desgaste político com a guerra da Cisplatina foi um dos motivos de sua abdicação em 1831

A guerra por si só consumia muitos recursos do então nascente império brasileiro fazendo-se aumentar os impostos e a insatisfação do país.
Some-se que o Uruguai também tinha uma cultura mais alinhada com a Espanha do que com Portugal sobretudo na questão da língua e dos costumes não contando com a simpatia e o nacionalismo brasileiro como D.João VI ou Pedro I chegaram a acreditar.

Os gastos se multiplicavam com a manutenção das tropas e da marinha desgastando ainda mais a imagem do jovem imperador que com as sucessivas derrotas no campo de batalha e a perda definitiva da guerra para os patriotas uruguaios ajudados pelos argentinos contribuíram para sua abdicação em 1831 em favor do trono português fazendo-o retornar à sua terra natal.Enquanto isso em 1828,nascia a República Oriental do Uruguai,país recém libertado do império do Brasil.

domingo, 23 de setembro de 2018

A violência pode ser aprendida?A experiência do boneco João-bobo.

A violência é um tema polêmico porém muito recorrente ao longo da história da humanidade e sempre atual,desde o nascimento da espécie humana com sua separação dos primatas maiores há milhões de anos.As brigas por comida,fêmeas ou abrigo geralmente terminavam em morte ou em graves ferimentos para ambas as partes como confirma achados arqueológicos com sinais de violência em múmias naturais,como Ötzi, e fósseis,inclusive de nossos primos mais recentes neandertais, já que a violência por si só é parte importante e indissociável da natureza humana estudada constantemente pela psicologia e filosofia que buscam compreendê-la.

E segundo uma citação do sociólogo alemão Eric Fromm em sua obra Psicanálise da Sociedade Contemporânea de 1500 a.C. até 1860 houve a assinatura de incríveis 8 mil tratados de paz demonstrando o potencial violento da espécie humana em produzir a guerra.

Sendo assim poderia a violência ser aprendida e tornar crianças pacíficas em adultos violentos somente pelo fato delas observarem-na acontecendo?

Foi com um boneco de joão-bobo sendo espancado e maltratado que um professor de psicologia quis testar essa hipótese.

Menino maltratando boneco durante o experimento


Foi partindo deste princípio que o psicólogo e professor canadense Albert Bandura,em 1961 na universidade de Stanford ,nos EUA,propôs um ousado experimento:submeter inocentes crianças em ambientes violentos controlados para concluir se a simples observação de socos,chutes,punhaladas e até mesmo agressões verbais feitas contra um boneco joão-bobo influenciariam o comportamento delas.

Embora a ideia do experimento e seus resultados hoje sejam previsíveis devido a inúmeros casos de violência doméstica e urbana onde crianças presenciam crimes tornando-se em alguns casos adultos agressores no futuro,à época do experimento ele foi pioneiro em estudar o aprendizado social na formação psíquica das crianças submetidas às diferentes formas de violência.Cumpre ressaltar que a psicologia também já contava com outra explicações para o comportamento violento que ajudaram a reforçar os resultados de Bandura como a teoria do reforço e castigo.

A Experiência do joão-bobo
A experiência em si consistia em dividir um grupo de 36 meninos e 36 meninas em 3 subgrupos que seriam submetidos a diferentes situações.

Um primeiro grupo seria separado individualmente para o experimento evitando o contato entre as crianças,então observaria um adulto contratado para agredir um boneco de joão-bobo de diferentes maneiras com socos,chutes e usando um martelo após cerca de 1 minuto numa sala preparada para o experimento.Um segundo grupo seria submetido a essa mesma situação porém o adulto não agrediria o boneco enquanto o terceiro grupo seria o grupo de controle.Durante a experiência haviam tanto homens quanto mulheres que agrediam o boneco para testar quem as crianças imitariam mais.

Havia a preocupação de deixar 2 tipos de brinquedos na sala,brinquedos agressivos como martelos e dardos e outros não-agressivos como animais de pelúcia,lápis e papel.Como foi depois observado as crianças escolhiam os primeiros para golpear e maltratar o boneco assim como haviam visto os adultos fazendo.

Após os resultados coletados,Bandura tornou-se conhecido por estabelecer uma teoria social para o aprendizado da violência.

Série de fotogramas mostrando a reação das crianças após observarem adultos agredindo o joão-bobo

Resultados e polêmicas
A experiência gerou grande avanço nos estudos de psicologia e comportamento humano que agora contavam com um embasamento experimental para suas ideias.A violência também podia ser aprendida somente pela observação.Muitas crianças se tornam jovens e adultos problemáticos por não somente serem submetidos à violência física,verbal ou emocional mas também por padrões de imitação que reproduziam de adultos violentos.

domingo, 19 de agosto de 2018

O que foi o Baby-boom?

Baby-boom é um termo associado à explosão de nascimentos que varreu o mundo logo após o fim da segunda guerra mundial.Sua geração ficou conhecida mundialmente como os baby-boomers e representaram um grande impacto na economia,sociedade,política e cultura.

Uma maternidade em 1946,ano inicial do baby-boom

O termo baby-boom se refere a geração compreendida entre 1946 e 1964,onde uma grande explosão de natalidade tomou conta do mundo,embora ele seja mais associado aos EUA.
Os baby-boomers,como eram os nascidos nessa época,experimentaram as maiores mudanças em escala social e histórica da era moderna,desde os impactos da Segunda Guerra Mundial,a Guerra Fria,o movimento hippie e contracultural,as revoluções sociais dos anos 1960-70.

Em parte os baby-boomers são explicados como um resultado da prosperidade americana do pós-guerra.O mundo havia acabado de sair do maior confronto já travado na história com dezenas de milhões de mortos e uma destruição sem igual,inclusive mergulhando-o na era nuclear com o lançamento das bombas atômicas sore o Japão.Esses fatos desalentadores contribuíram para os baby-boomers serem uma nova geração com mais esperança e luta pela paz.

Outro ponto muito importante é que a guerra consolidaria os EUA como uma superpotência de influência global cujos benefícios econômicos trariam melhorias na medicina e educação que essa geração experimentaria desde a infância até a vida adulta.

Os boomers e a sociedade de consumo
Os baby-boomers se tornaram um símbolo da prosperidade e da indústria de consumo capitalista.Durante a Guerra Fria,a propaganda política era uma recurso constante usado tanto pelos EUA quanto pela ex-URSS,sua rival,logo o incentivo desenfreado pelos bens de consumo demonstrava o sucesso do sistema capitalista sobre o comunista.

Os boomers cresceram com a TV,uma novidade tecnológica que se tornou a principal fonte de informação e diversão da época substituindo o rádio,os programas de TV reuniam famílias inteiras e tinham importante influência sobre o público tal como a internet atualmente.
Também conviveram com a explosão de bens produzidos em série como as geladeiras,carros,motocicletas,alimentos e até casas o que criava a sensação de bem estar social proporcionada pela prosperidade material.

Os boomers cresceram com fartura de brinquedos e alimentação extremamente variada que a geração anterior não usufruiu.Uma das consequências sociais nesse contexto é o american way of life(o estilo de vida americano) forjado com a imagem dos boomers como crianças saudáveis,bonitas e sempre sorridentes com futuro promissor estampadas em propagandas diversas na mídia americana.Cumpre ressaltar que o american way of life se tornou um importante sinônimo de fartura no mundo ocidental usado desde então como referência nos demais países sob sua influência.

Representação da sociedade de consumo americana com os boomers

A revolta começa...
Os boomers cresceram acostumados com as comodidades trazidas pela prosperidade que invadiram a tecnologia,cultura e a vida dos jovens de modo geral.No entanto mesmo com o conforto proporcionado pelos anos dourados da economia a geração Baby-boom ao se tornar jovens universitários nos anos 1960 explode numa busca por idealismo e pacifismo.

Todos os elementos políticos e sociais gerados pela Guerra Fria,a Guerra do Vietnã e os direitos das minorias produziram o efeito de contestação e rebeldia tão conhecida dos anos 1960 do século passado.

Os jovens passam a consumir drogas psicotrópicas,tais como a maconha e o LSD,como forma de rebeldia contra os padrões sociais politicamente corretos e se preocupam mais ativamente de problemas ecológicos e sociais e que culminaria no movimento hippie.A luta pelos direitos civis dos afro-americanos nos EUA,pelo direito das mulheres,deficientes,homossexuais e diversas outras minorias tornam-se um dos focos dos boomers que enxergam na luta pela igualdade uma forma justa de contestação social.

Festival de música de Woodstock em 1969,um dos marcos do movimento hippie
Assim os boomers são conhecidos pela geração rebelde da qual fizeram história e do desalento que contraditoriamente a sociedade de consumo trouxe.Muitas personalidades de sucesso atualmente são boomers como o empresário e bilionário Bill Gates,nascido em 1955 ou o cineasta Steven Spielberg e o escritor Stephen King ambos nascidos em 1947.O fato maior a respeito do Baby-boom foi a mudança radical de comportamento que a sociedade ocidental não estava preparada para receber mas que precisou se ajustar.

domingo, 5 de agosto de 2018

Quais dinossauros viveram no Brasil?

Na verdade foram muitos e eles fazem parte de uma lista que cresce a cada ano.A maior parte do público conhece os dinossauros através dos documentários e filmes,sobretudo a franquia cinematográfica Jurassic Park desconhecendo que o Brasil também foi o lar desses répteis gigantes num passado distante.

Os registros da passagem desses grandes animais se espalham por todo o território nacional do Rio Grande do Sul até a Amazônia e aliada à geologia,a paleontologia(ciência que estuda a vida do passado através dos fósseis mas NÃO somente os dinossauros)se desenvolveu.Uma parte das descobertas de fósseis no Brasil também se deveu, além da exploração de pioneiros como Peter Lund entre outros,às atividades humanas como obras diversas e mineração que ao abrirem pedreiras revelavam por acaso fragmentos de fósseis desses incríveis animais extintos há 65 milhões de anos atrás.

Uma réplica de dinossauro em exposição no Vale dos Dinossauros-Paraíba 

Sobre a extinção dos dinossauros já foi escrito uma postagem aqui mesmo no blog,clique aqui para acessá-lo.

Assim e embora seja ainda desconhecido do grande público,muitas localidades brasileiras contam com museus onde fósseis de dinossauros encontrados no Brasil estão reunidos em grandes coleções estudadas por cientistas brasileiros e estrangeiros.Aqui estão relacionados 3 dinossauros brasileiros  já que a lista é grande contando mais de 20 animais.

Vale dos Dinossauros brasileiro
Bem aqui no Brasil e afastado da mídia e do grande público repousa indícios preciosos dos dinossauros que um dia habitaram o país.Trata-se de um leito seco de uma lagoa pré-histórica que conta com um dos maiores jazigos de pegadas fósseis em todo o mundo,mais especificamente na cidade de Sousa na Paraíba.

Lá estão registradas as pegadas de cerca de 395 dinossauros que cruzaram a lagoa no passado,fosse somente de passagem ou durante a fuga de um predador por exemplo deixando sua marca no local.O estudo dessas pegadas,que no termo técnico da paleontologia são chamadas de icnofósseis,ajuda a entender a distribuição e hábitos de vida desses animais no Brasil.
Ao longo do tempo a curiosidade fez aumentar o turismo em conhecer um pouco mais sobre o Vale dos Dinossauros recebendo a presença constante de paleontólogos brasileiros e estrangeiros.


Entrada do Vale dos Dinossauros-Paraíba


Pegadas fossilizadas de dinossauro 

Uberabatitan 
Esse grande dinossauro foi encontrado em fragmentos na cidade mineira de Uberaba,o primeiro pesquisador a estudá-lo foi Luiz Carlos Borges Ribeiro,daí o nome científico do gigante Uberatitan Ribeiroi em homenagem à cidade onde foi descoberto e ao seu pesquisador.Ele tinha cerca de 15 metros de comprimento,o equivalente a um prédio de 5 andares pesando 16 toneladas em média,cerca de 2 elefantes adultos e se alimentava de vegetais como a maioria dos saurópodes,grupo de dinossauros quadrúpedes e conhecidos pelo seu gigantismo.


Saturnalia
Um dinossauro com nome de carnaval,o saturnalia é um dos mais primitivos habitantes da fauna pré-histórica brasileira com sua presença datada por especialistas em mais de 230 milhões de anos.Era um pequeno carnívoro de 1,5 metro de comprimento e seus primeiros restos foram descobertos no Rio Grande do Sul próximo de Santa Maria.Seu nome vêm do carnaval,uma festa em honra ao deus Saturno muito comum durante o império romano por isso saturnalia, já que parte de seus fósseis foram descobertos nessa época do ano.


Santanaraptor
Dinossauro que habitava o Ceará,mais especificamente a Formação Santana,um rico jazigo fossilífero, onde os seus restos foram encontrados e identificados.O estudo do santanaraptor é importante e revelador pois com seu fóssil foram encontrados vestígios de tecido mole,um dos raros casos no mundo onde restos da pele e músculos do animal são encontrados fossilizados.Ele tinha cerca de 2 metros de comprimento e 50 centímetros de altura em média segundo cálculo dos cientistas ,era um animal rápido e um eficiente predador.Há uma réplica no Museu Nacional no Rio de Janeiro.

Representação artística de um santanaraptor


Os estudos de paleontologia no Brasil embora existam,ainda continuam bem discretos e fora do alcance do grande público que somente conhece o assunto através de documentários e do cinema cujos filmes contemplam dinossauros que viveram em outros países o que mantêm o desconhecimento sobre a fauna pré-histórica brasileira.

terça-feira, 24 de julho de 2018

A Pena de Morte

Na verdade não existe um padrão específico e comum para executar um criminoso,seguido por todos os países que ainda a adotam,já que o método é muito variado.A pena de morte,desde a sentença em julgado é somente consumada a partir do momento em que os sinais vitais do preso estejam completamente interrompidos para assim a morte do condenado ser declarada perante a justiça.

A pena de morte,também conhecida como pena capital,por ser a condenação principal e máxima que um criminoso pode sofrer,tem uma longa história e foi aplicada por praticamente todos os povos da humanidade e em todas as épocas.Hoje a pena de morte representa um retrocesso e até crueldade para alguns,como grupos ligados aos direitos humanos,enquanto um castigo justo para todos aqueles que a defendem.



Antes de mais nada a pena de morte é um instituto jurídico,ou seja,para ser considerada assim é necessário que exista uma lei,oral ou escrita,especificando os crimes puníveis com ela.
Um dos primeiros códigos de leis criados pela humanidade é o de Hamurabi no século XVIII antes de Cristo,na antiga Babilônia que já previa a pena de morte para crimes como o assassinato por exemplo.Ele se baseava na chamada Lei de Talião que pregava 'olho por olho,dente por dente',expressão ainda hoje conhecida e utilizada para justificar punições proporcionais para crimes graves.Até mesmo no Quilombo dos Palmares,notório núcleo de resistência africana contra a escravidão no Brasil,havia a pena de morte como lei entre seus membros.Assim a pena de morte torna-se legal e até justa aos olhos do povo.

O historiador francês Michel Foucault em sua obra Vigiar e Punir relata que a pena de morte pode ser além de um mecanismo de correção para crimes e desvios de comportamento mas também funcionar como uma espécie de ferramenta psicológica que cria um sentido de ordem através da intimidação e do controle que essa pena pode produzir em criminosos em potencial.Em outras palavras,o criminoso pensaria antes de cometer o crime já que a morte seria seu destino,a intimidação promovida pela Estado político detentor da lei e da ordem.

Durante as guerras,a pena de morte sempre foi uma constante,os comandantes militares seja para mostrar poder e liderança assim como aplicar a justiça nesta situação,serviam como juízes arbitrando sobre a vida e a morte de prisioneiros de guerra,desertores,saqueadores e etc.No Japão medieval,até mesmo samurais podiam sofrer a pena de morte em batalhas se deixassem prisioneiros escaparem,mesmo involuntariamente.O grande general cartaginês Aníbal foi notório por executar desertores em seu exército.

A morte como um show
Logo a pena de morte também teria a função de criar um exemplo que servisse a todos os demais criminosos que viessem a infringir a lei.Sendo assim,até épocas recentes muitos países promoviam execuções públicas com a presença da imprensa e de um grande público incluindo crianças como expectadoras como nos EUA e China.

Atualmente a China é o país que mais executa prisioneiros ao ano,de acordo com a Anistia Internacional,em números que o governo chinês mantêm em segredo acredita-se que ele é bem maior do que aquele divulgado oficialmente,já que os crimes relativos ao contrabando de entorpecentes ou corrupção é punível com ela.Os principais métodos usados no país são o fuzilamento e a injeção letal.

No entanto a China aplica a pena capital há milênios sendo o método mais comum utilizado na época imperial,terminada no início do século XX, a execução dos mil mortes.Que consistia numa longa sessão de tortura em praça pública infligida ao prisioneiro onde dezenas de cortes eram abertos no corpo do condenado num processo que poderia durar dias.Até mesmo anestésicos e medicamentos eram usados para adiar a morte numa tentativa de prolongar o castigo pelo maior tempo possível.
Os primeiros europeus da modernidade que entraram na China no século XIX ainda fizeram registros fotográficos de execuções públicas com esse método antes dele ser oficialmente abolido.

Execução dos mil cortes chinesa


Na Índia criminosos eram executados com o uso de um elefante que os pisoteava enquanto tentavam se defender e/ou fugir sem sucesso.Na Indonésia e na Espanha se usava o garrote que apertava as vértebras na altura do pescoço até a força exercida quebrar-lhe a resistência e o condenado morrer.
Na Inglaterra sobretudo na época de ouro da pirataria entre os séculos XVII e XVIII,a pena de morte era aplicada em uma infinidade de crimes e os corpos de condenados eram colocados em gaiolas de ferro ao longo de logradouros públicos mesmo após o início da decomposição natural dos cadáveres como um exemplo para os demais.

Criminosos eram esmagados por elefantes na Índia


A Anistia Internacional critica a pena de morte por ela ser considerada desumana e um assassinato legalizado,mesmo contra um criminoso condenado e mantêm protestos em todos os países que a ainda a usam.Embora os números de executados ao redor do mundo declinem,a pena de morte se mantêm como um importante instrumento coercitivo contra criminosos.

Muitos países já foram acusados,comprovadamente,de condenar e executar inocentes com casos na Inglaterra e Japão,naquele país por exemplo a própria sentença foi abolida após a confirmação da morte de um inocente por enforcamento injustamente acusado de assassinato.
Já os defensores,concluem que a pena de morte além de ser um instrumento legal e justo para punir crimes graves também desafoga o sistema penitenciário evitando gastos a longo prazo com o prisioneiro por exemplo,o uso do exemplo da morte de um criminoso para evitar novos crimes continua vivo.

E no Brasil?
No Brasil a pena de morte foi abolida um ano após o fim da escravidão em 1889.Até essa data a sentença foi muito usada no tratamento de escravos também como um meio de intimidação para evitar fugas e rebeliões entre eles.
No entanto um fato desconhecido do grande público é que em caso de guerra declarada o Brasil ainda poderá punir com a morte alguns crimes previstos no código militar brasileiro,não valendo portanto para casos civis,tornando-a possível em situações como deserção,covardia ou assassinato.