quarta-feira, 10 de outubro de 2018

É verdade que o Uruguai foi uma colônia do Brasil?

Sim o Uruguai foi uma colônia brasileira,no entanto foi por pouco tempo e de pequena expressão politica e econômica para o Brasil.

O Uruguai à época conhecido ainda como Banda Oriental havia sido reivindicado pela Argentina com a  independência desta em 1816 tornando-se uma espécie de protetorado com muitos argentinos vivendo no território.
Nesse contexto muitos uruguaios estavam descontentes com a situação do país sob domínio estrangeiro,manifestando assim os primeiros sinais de nacionalismo e aspiração por independência na figura de um importante militar chamado José Gevasio Artigas,um caudilho responsável inclusive por tentativas e incursões militares dentro do território brasileiro a partir do Rio Grande do Sul.

Muitas batalhas foram travadas entre brasileiros e uruguaios e seus aliados argentinos ansiosos para anexá-los.Junte a essa situação a onda expansionista da família dos Bragança que visava incorporar o Uruguai à coroa portuguesa,primeiro com Dom João VI e depois com seu filho e sucessor Dom Pedro I.

Tropas portuguesas sendo enviadas para o Uruguai na segunda invasão do país

Contudo não foi a partir essa época que Portugal 'cresceu os olhos' sobre o vizinho Uruguai,ainda não conhecido sob esse nome.Em 1680 D.Manuel Lobo governador da capitania do Rio de Janeiro manda fundar a Colônia do Santíssimo Sacramento que daria origem ao povoamento do país.Assim o reino de Portugal foi de fato o pioneiro em sua colonização embora a Espanha tenha assegurado sua ocupação estabelecendo sua língua e cultura após um tratado diplomático.

Início do expansionismo lusitano

Segundo o historiador José Daniel de Almeida com a destituição do rei espanhol por tropas napoleônicas,o trono do país é deixado vago e declarado como protegido pela então coroa portuguesa exilada no Brasil que oportunamente se aproveita desse novo cenário político.
O alto comando colonial espanhol nas Américas conhecido como cabildo se recusa a aceitar a proteção e a presença de tropas portuguesas no território cisplatino já estabelecidas em 1811 na região assumindo o compromisso de continuar administrando sozinha suas colônias.Essa primeira ocupação militar é conhecida como a primeira invasão portuguesa.
Embora contrariado,Portugal aceita retirar suas tropas do país.Nesse primeiro embate entre as coroas ibéricas,uma solução diplomática e pacífica é celebrada.     

No entanto José Gevasio Artigas inicia uma nova fase de conflitos o que induz D.João VI a uma nova incursão militar em território uruguaio com a mobilização de tropas que por fim chegam a capital Montevidéu e estabelecem-no como uma província portuguesa,a Província Cisplatina o que na prática significava uma colônia.

Outro motivo que os historiadores geralmente consideram creditado como incentivo dessa segunda invasão portuguesa do território cisplatino é que a então rainha Carlota Joaquina ,esposa de D.João VI e espanhola de nascimento,se considerava legítima herdeira do trono espanhol se declarando Rainha do Prata,cujo nome prata,vêm do rio que banha e dá nome a região compreendida entre Uruguai e Argentina.

Mesmo nesse contexto,os portugueses mantinham interesses em nossos vizinhos do Sul o que incentivou o seu ideal expansionista.

A guerra de independência com o Brasil

Com a derrota uruguaia do general Artigas,o reino unido de Portugal,Brasil e Algarves consolida-se como potência colonizadora sobre o país transformando-o na Província Cisplatina,inclusive tendo representantes uruguaios assistindo a assembléia constituinte de D.Pedro I.

Embora sob domínio político luso-brasileiro,os uruguaios junto dos argentinos mantêm aceso o ideal de um país livre que o antigo revolucionário general Artigas havia despertado.Assim conflagra-se a Guerra da Cisplatina,uma nova rebelião organizada com o intuito de expulsar as forças portuguesas e o domínio do império do Brasil sobre o país.

Entre 1825 e 1828 uma guerra custosa para os cofres públicos não é capaz de conter o avanço do general uruguaio Antonio Lavalleja que com a ajuda inglesa consegue a independência batizando o novo país como República Oriental do Uruguai.

Consequências da guerra
A colonização e manutenção da posse do território uruguaio que daria origem a guerra e a independência do país em 1828 sempre foi mal vista aos olhos da opinião pública brasileira.
Considere o fato que D.Pedro I era encarado como um imperador autoritário no qual até mesmo pairava suspeitas de que restabelecesse o Brasil com colônia,já que era português e concentrava cada vez mais poderes em suas mãos como ficou claro na constituição de 1824.

Retrato de D.Pedro I cujo desgaste político com a guerra da Cisplatina foi um dos motivos de sua abdicação em 1831

A guerra por si só consumia muitos recursos do então nascente império brasileiro fazendo-se aumentar os impostos e a insatisfação do país.
Some-se que o Uruguai também tinha uma cultura mais alinhada com a Espanha do que com Portugal sobretudo na questão da língua e dos costumes não contando com a simpatia e o nacionalismo brasileiro como D.João VI ou Pedro I chegaram a acreditar.

Os gastos se multiplicavam com a manutenção das tropas e da marinha desgastando ainda mais a imagem do jovem imperador que com as sucessivas derrotas no campo de batalha e a perda definitiva da guerra para os patriotas uruguaios ajudados pelos argentinos contribuíram para sua abdicação em 1831 em favor do trono português fazendo-o retornar à sua terra natal.Enquanto isso em 1828,nascia a República Oriental do Uruguai,país recém libertado do império do Brasil.

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