Os anos 1960 e 70 do século passado se transformaram em marcos históricos de um importante processo social que vinha esquentando tempos antes no Brasil e no mundo.A família tradicional formada pelo pai,mãe e filhos e a luta diária pelo trabalho por exemplo passaram a ser criticados nessa época como sendo atrasados e ''certinhos'' demais para os novos tempos.É justamente aí que surge um termo que ainda hoje confunde as pessoas:a contracultura,vamos entender melhor o que era ela.
O termo contracultura designa qualquer coisa que vai contra a cultura comum que estamos acostumados no nosso dia-a-dia se transformando num grande movimento .Mas pensemos nos anos 1960 e 70 e o que era comum nesta época.Consumo de drogas,mães solteiras,divórcio,pílulas anticoncepcionais eram tabus que a sociedade não aceitava embora hoje sejam até certo ponto comuns.
O Brasil vivia uma ditadura militar repressora que cultuava justamente os valores tradicionais da família principalmente de um ponto de vista cristão que enxergava a união do homem e da mulher com filhos uma formação sagrada e indissolúvel.
''Faça amor,não faça Guerra!''
No mundo, que vivia a Guerra Fria, um movimento civil e cultural começava a se formar e ganhar mais espaço na imprensa e na vida das pessoas e ficou conhecido como movimento hippie que ganhou maior destaque e liderança nos EUA.
Os hippies ficaram conhecidos por seu visual colorido,chamativo com cabelos e barbas longos pregando liberdade de expressão e amor.O consumo de drogas como forma de se libertar de uma sociedade cujos valores morais conservadores impunham regras rígidas de comportamento aos jovens e principalmente às mulheres com o dever sagrado da maternidade e do casamento.
A Guerra do Vietnã que explodia na Ásia com a liderança política e militar dos EUA e os números cada vez maiores de baixas de soldados americanos e os crimes cometidos por esses contra a população civil do pobre país incitavam a revolta contra a sociedade conservadora.
A partir daí o movimento hippie se espalhou pelo mundo e com ele a contra-cultura que via qualquer ato que contrariava o padrão social conservador como legítimo e digno de apoio moral desde o consumo de drogas até mesmo o divórcio,aborto e os direitos civis.
E no Brasil?
No rastro do movimento hippie que chegou ao Brasil através de intelectuais,músicos e artistas a contracultura ganhou fama no regime militar que a via como comunista,degenerada e subversiva.Por conta dessa perseguição ideológica e moral imposta pelos militares muitos desses artistas viam na contracultura sua válvula de escape,ou seja a única forma de expressar sua revolta.A atriz carioca Leila Diniz escandalizou os anos 1960 ao posar grávida usando biquini,uma novidade chocante na época.
No crime e na arte-Muitos marginais e criminosos conhecidos da época passaram a ter suas vidas e atos reconhecidos como anti-heróicos pois desafiavam a polícia e a própria moralidade social imposta pela ditadura e pela sociedade conservadora.O artista plástico Hélio Oiticica frequentava o submundo carioca e era amigo de contraventores entre eles um famoso bandido da época conhecido como Cara de Cavalo.Este foi morto pela polícia e se transformou em uma obra de arte feita por Oiticica.
Hélio Oiticica com sua obra em homenagem a Cara de Cavalo |
Foi a Síndrome de Robin Hood,a sensação que as pessoas tinham dos mais desgraçados que tiravam dos ricos e grandes empresas como esses marginais retornando seus lucros aos pobres.Foi a partir daí que a contra-cultura ganhou a violência e criminalidade como um de seus slogans no sentido de usá-las contra o regime militar e o conservadorismo social.
Cantores como Jorge Ben também fizeram músicas em que a conotação do crime e da favela como forma de cultura na canção ''O Homem que Matou o Homem que matou o Homem Mau'' gravado por Roberto Carlos e narrando a história de um justiceiro que caçava marginais criado dentro de sua própria comunidade carente.Um tema antes jamais pensado em ser realizado e que hoje devido ao aumento da violência urbana evita ser cantada em seus shows.
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