Por Sandro Costa
Em 1898,em plena savana africana uma estrada de ferro estava sendo construída pelo Império Britânico,a intenção era escoar o cruel comércio de marfim, que eram cobiçados por caçadores e traficantes,entre outros gêneros que vinha de Uganda para o Quênia(sobre o rio Tsavo daí o nome deles) países na região sul da África.
Na época os ingleses controlavam a região e portanto a tarefa de construir essa ferrovia ficou por conta deles comandados por um tenente coronel do exército chamado John Patterson que ficou como chefe da obra e que posteriormente escreveria um livro relatando todos os acontecimentos envolvendo a construção da ferrovia e o incrível ataque dos felinos que os imortalizaria.
Na época as condições de trabalho eram de semi escravidão com péssimas condições de trabalho para os africanos envolvidos na obra.Contudo e o que ninguém esperava era a chegada de 2 leões extremamente ferozes e famintos que espalhariam o terror entre os trabalhadores e ingleses e que entraria para a história como um dos maiores e mais surpreendentes ataques de animais contra seres humanos já registrados.
Os leões empalhados no museu de Chicago |
O início dos ataques e pânico
É em março de 1898 que os primeiros ataques mortais começam,primeiro ele é entendido como um ato isolado de um leão que vive em seu habitat natural e portanto disputa o mesmo espaço da ferrovia(afinal de contas a savana é um espaço selvagem invadido pelas pessoas).No entanto nos meses seguintes quando os ataques ficam cada vez piores é quando a real gravidade da situação começa a preocupar e chamar a atenção.
Os ataques se sucediam sem trégua,há registro de um massacre perpetrado por ambas as feras contra uma enfermaria dentro do acampamento liquidando dezenas de pacientes.Os ingleses se empenharam em matar os animais acabando com a ameaça e várias armadilhas convencionais foram usadas mas nenhuma surtiu efeito sendo estranhamente burladas pelos leões que até mesmo sintonizavam os ataques entre si atraindo vítimas.
A essa altura,a fama dos 2 leões assustavam a todos na obra e as mortes só aumentavam no decorrer dos dias,mesmo com as fogueiras ardendo alto durante toda a noite e as cercas ao redor do acampamento dos trabalhadores não impediam em nada que ambos animais levassem mais de um homem por noite,devorando-os fosse no mesmo local ou até mesmo carregando-os até sua toca,numa caverna distante da obra.A cada novo ataque as feras adquiriam mais confiança para a próxima investida agindo com uma estranha parceria e entrosamento que espantou biólogos e historiadores que estudaram seu caso ao longo do século XX.
Toca dos leões em fotografia de 1898 |
O filme baseado nos ataques das 2 feras |
Consta que durante março até dezembro de 1898 quando enfim foram abatidos,ambos leões possam ter matado mais de 100 pessoas.Embora pareça irônico,o Império Britânico contrariado com a paralisação das obras por conta das feras contrata caçadores profissionais que também se transformam em vítimas mortais desses animais.
Várias armadilhas foram feitas para capturá-los todas sendo inúteis interrompendo a construção da ferrovia por 2 semanas quando os trabalhadores abandonaram-na com medo de se tornar as próximas vítimas.
Foi o tenente coronel John Patterson que conseguiu abater os animais,com diferentes estratégias, numa armadilha em que quase lhe custou a vida.
Uma explicação
O assunto intriga a começar pelo comportamento em dupla,incomum entre leões que atacam em grupos maiores,somado ao fato de ambas as feras serem machos agindo coordenadamente e que estranhamente não apresentavam jubas.Uma teoria que explica a preferência dos animais pelos seres humanos como presa foi justamente o fato da falta de presas maiores que estavam ou já haviam sido dizimadas pela caça e destruição ambiental em vigor na época com o avanço e consolidação do neocolonialismo europeu no continente africano que privou os leões de presas como elefantes,girafas ou zebras arrasando com a savana.
O gosto pela carne humana pode ter vindo de corpos de escravos e pessoas não sepultadas que serviam de carniça para os animais.Estudos até mesmo comprovariam que havia uma moléstia nos dentes desses felinos que os impediriam de comer presas maiores optando assim pelas pessoas.Outro estudo,de uma universidade americana, afirma até mesmo que o número de vítimas efetivamente comidas por eles teria sido menor,fixando em 35 vítimas, enquanto o número de mortos corresponderia ao divulgado oficialmente como sendo maior que 130,o que já tornaria o caso mais do que surpreendente e raro.
Assim e não por menos eles se tornaram uma lenda assustadora porém real que ficaram conhecidos como a Sombra e a Escuridão entre os nativos africanos.Um filme de mesmo nome com Michael Douglas e Val Kilmer foi baseado nesses eventos.Tais feras seguem sendo um mistério apesar das muitas teorias que tentam explicá-los e um alerta da natureza.
Abaixo as fotos de 1898 apresentando ambas as feras enfim abatidas.
John Patterson,o chefe da obra, com um dos leões mortos |
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